Flávio Augusto da Silva nunca teve medo de arriscar — porém, já conviveu de perto com quem teve. Em especial, uma de suas histórias mais emblemáticas revela isso com clareza: o hoje bilionário fundador da Wise Up relembra o episódio de quando um amigo desistiu de ser sócio do seu novo negócio simplesmente por medo de vender um carro usado. Naquele momento, a decisão podia parecer prudente, mas com o passar dos anos, revelou-se um erro de proporções milionárias.
O sócio que não vendeu o carro e perdeu milhões
“Vou perguntar assim: o que um sócio agrega pra você? É só do dinheiro?”, provocou Flávio, em relato que marcou suas palestras e livros. Em meados dos anos 90, recém-saído de um emprego, ele convidou um amigo para ser sócio de sua escola de inglês. O combinado era claro: Flávio entraria com seu recurso obtido no banco e o amigo, vendendo um Voyage 1986, colocaria R$ 48 mil no negócio, ganhando 50% da empresa.
“Na época, o carro valia uns US$ 8 mil, mais ou menos. Liguei pra ele uma semana antes, disse que estava tudo pronto, que o contador preparou os documentos. Mas ele desapareceu. Deixei recado, liguei de novo, e nada. O cara ficou com medo. E sumiu”, disse Flávio Augusto da Silva.
O empreendimento em questão era a Wise Up, que Flávio vendeu em 2013 por R$ 877 milhões.
A origem humilde de Flávio Augusto da Silva
Essa história seria apenas curiosa se não carregasse um simbolismo poderoso: o quanto o medo paralisa oportunidades — especialmente nos negócios.
Para Flávio Augusto da Silva, o episódio expõe uma verdade incômoda: “Quanta coisa a gente perde na vida por medo, né?”.
Flávio sabe o peso dessa escolha justamente porque, ao longo da vida, ele mesmo apostou alto. Desde cedo, nascido em um bairro de classe trabalhadora no Rio de Janeiro, ele passou no rigoroso processo seletivo do Colégio Naval aos 15 anos. No entanto, acabou expulso aos 17, devido ao fato de que enfrentou dificuldades com a disciplina exigida pela vida militar.
Flávio tinha tudo para ser apenas mais um Silva, mas escolheu escrever sua própria história:
Como Flávio Augusto fundou a Wise Up com cheque especial
Em 1995, aos 23 anos, fundou a Wise Up com R$ 20 mil de cheque especial, ao lado da esposa. Percebeu que o mercado só oferecia inglês para jovens e decidiu focar em adultos com urgência de aprender. O diferencial era o modelo de ensino rápido, direto e com metodologia própria. E funcionou.
O crescimento foi rápido. Em 2013, a Abril Educação comprou a Wise Up por R$ 877 milhões. Dois anos depois, Flávio Augusto recomprou a empresa por R$ 398 milhões. Em 2017, recebeu investimento de R$ 200 milhões de Carlos Wizard e, em 2019, mais R$ 200 milhões do fundo Kinea (do Itaú), consolidando o grupo Wiser Educação, com Flávio mantendo o controle.
A trajetória internacional de Flávio Augusto
Em paralelo, ele também mostrou visão no mundo dos esportes. Em 2013, adquiriu o Orlando City Soccer Club por US$ 120 milhões. O clube entrou na Major League Soccer (MLS) em 2015, após contratar o craque Kaká em 2014, que ainda seria emprestado ao São Paulo. Em 2021, Flávio Augusto vendeu o clube por cerca de US$ 400 milhões à família Wilf, proprietária do Minnesota Vikings.
A filosofia de negócios de Flávio Augusto da Silva
Para Flávio Augusto da Silva, o segredo está em construir negócios que andem com sustentabilidade.
“Quando você cria um negócio que anda sozinho, você mostra para o mercado que ele tem valor e que não depende do empreendedor para ter sucesso”, explica.
Hoje, além de empresário e investidor, Flávio Augusto é também um educador. Comanda iniciativas como o Geração de Valor, impacta milhões nas redes e continua usando sua trajetória como ferramenta de ensino.
O que a história ensina sobre visão e medo
O caso do amigo que desistiu da sociedade virou uma lição eterna. A proposta era clara:
“Voyage 86 pela metade da Wise Up. Na meia.” Mas a ausência de coragem custou caro. “Você imagina o cara vendo a notícia da venda?”
A história de Flávio Augusto da Silva não é sobre sorte. É sobre preparo, ação, confiança em si mesmo e ter um time de alta performance ao seu lado. A diferença entre ele e o amigo não estava no saldo da conta bancária — mas na disposição de agir diante do risco. E isso, no fim das contas, é o que separa os que assistem a história acontecer daqueles que a escrevem.