Ter uma nova fórmula da Coca-Cola nos EUA virou o mais recente alvo de Donald Trump. O ex-presidente afirmou, na quarta (16/07), que a gigante das bebidas concordou em trocar o xarope de milho por açúcar de cana nas versões comercializadas em território americano. A declaração foi publicada na rede Truth Social.
A mudança se alinha ao discurso de saúde de seu secretário Robert F. Kennedy Jr., defensor da campanha “Make America Healthy Again”, que critica ingredientes como o xarope de milho, óleos refinados e corantes artificiais. Segundo Trump, “é simplesmente melhor”.
Sob pressão de Trump, a empresa evitou confirmar diretamente a mudança, mas afirmou, por meio de um porta-voz, que ajustes na nova fórmula da Coca-Cola estão sendo considerados, ao menos como parte de uma linha alternativa voltada à saúde e ao sabor
Setor agrícola critica possível mudança na fórmula da Coca-Cola
A substituição do xarope de milho por açúcar de cana, por outro lado, pode afetar diretamente a cadeia produtiva dos Estados Unidos.
John Bode, presidente da Associação de Refinadores de Milho, afirmou que “isso custaria milhares de empregos e aumentaria importações”.
Ainda assim, muitos consumidores valorizam a fórmula da Coca-Cola com açúcar de cana, principalmente por buscarem sabores mais naturais. Além disso, a versão adoçada com cana é associada a um gosto mais autêntico e transmite um peso simbólico — sobretudo quando Trump a utiliza como bandeira de patriotismo alimentar e crítica às diretrizes de grandes corporações.
O mistério centenário por trás da Coca-Cola
Ao longo das décadas, a fórmula da Coca-Cola se tornou um dos maiores segredos industriais do mundo. Desde sua criação em 1886, a empresa mantém sob sigilo absoluto a combinação de ingredientes conhecida como “Merchandise 7X”, armazenada em cofre na sede da companhia, em Atlanta. Ainda hoje, apenas um número limitado de executivos conhece todos os detalhes da receita original, o que alimenta teorias e fascínio em torno da bebida.
Além disso, a fórmula da Coca-Cola já foi alvo de controvérsias, espionagem corporativa e até tentativas de cópia por concorrentes internacionais. Nos anos 1980, por exemplo, a empresa enfrentou forte rejeição ao tentar alterar sua composição com a criação da “New Coke” — fracasso comercial que serviu de alerta sobre a ligação emocional do público com o sabor original. Agora, com a possível volta do açúcar de cana nos EUA, a marca reabre o debate entre tradição e adaptação, em um momento politicamente carregado.