As vendas de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos recuaram 61,8% entre abril e junho de 2025, segundo a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec). Em abril, os embarques atingiram 47.836 toneladas, o maior volume mensal do ano. Após o anúncio de uma tarifa de 10% por Donald Trump em maio, o número caiu para 27.413 toneladas. Em junho, o volume caiu novamente, para 18.232 toneladas. Até 21 de julho, o Brasil havia embarcado apenas 9.745 toneladas para os EUA. A nova tarifa, de 50%, começa a valer em 1º de agosto.
China mantém liderança e EUA seguem como segundo maior destino
Apesar da retração, os Estados Unidos continuam como o segundo principal mercado da carne bovina brasileira em 2025, com 12,1% de participação nas exportações no primeiro semestre. A China permanece na liderança, com 48,8% do total. O Chile aparece em terceiro lugar, com 4,76%, enquanto os demais mercados somam 34,34%. A concentração em poucos países acende um sinal de alerta para o setor, que depende fortemente de condições políticas e comerciais externas.
Setor busca alternativas após queda na exportação de carne bovina para os EUA
Mesmo com a queda nas vendas aos EUA, o Brasil exportou 189,5 mil toneladas de carne bovina em junho, alta de 10,6% em relação ao mesmo mês do ano passado. O faturamento total atingiu US$ 809,6 milhões.
Para o ex-banqueiro Geldo Machado, presidente do Sinfac Ceará, Piauí e Maranhão do Norte, o momento exige reorganização estratégica. “Mesmo com oscilações nos grandes compradores, o setor mantém força exportadora. A diversificação é estratégica para garantir estabilidade e evitar choques no caixa dos frigoríficos”, afirmou.
Brasil lidera exportações globais e reforça presença em novos mercados
De janeiro a junho de 2025, o Brasil exportou 1.076.613 toneladas de carne bovina, com receita de US$ 4,89 bilhões. Mesmo com apenas 22% da produção nacional voltada ao exterior — os outros 78% ficam no mercado interno — o país lidera o ranking global, com 3,75 milhões de toneladas exportadas nos últimos 12 meses. Austrália (1,96 milhão) e Índia (1,56 milhão) aparecem em seguida.
Essa análise é complementada por Pedro Brandão, empresário e CEO da CredÁgil: “A retração americana obriga o setor a revisar sua estratégia global. É um alerta importante, pois o mercado dos EUA é exigente e paga mais. Por isso, manter presença lá é essencial para o posicionamento internacional das marcas brasileiras”.