O dinheiro de brasileiros no exterior totalizou US$ 654,5 bilhões em 2024, conforme dados da declaração de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE) divulgados nesta sexta-feira (25) pelo Banco Central. A cifra reflete a força dos investimentos internacionais realizados por indivíduos e empresas brasileiras e aponta um padrão de alocação concentrado em setores estratégicos e jurisdições offshore.
Investimentos diretos lideram o destino do dinheiro de brasileiros no exterior
A maior parte dos ativos fora do país foi destinada a investimentos diretos no setor produtivo, que somaram US$ 503,9 bilhões. Essa categoria inclui participação em empresas e holdings, especialmente nos segmentos de serviços financeiros. Em seguida, vêm os chamados “outros investimentos” (US$ 86,5 bilhões), como moedas, empréstimos e créditos comerciais. Já os investimentos em carteira – ações e títulos – totalizaram US$ 62,8 bilhões.
Conforme publicado pela Agencia Brasil, entre os países que concentram esses capitais brasileiros no exterior, destacam-se os Países Baixos (US$ 95 bilhões), Ilhas Virgens Britânicas (US$ 83,3 bilhões), Ilhas Cayman (US$ 73,2 bilhões) e Bahamas (US$ 58,1 bilhões). A recorrência desses destinos reforça a utilização de paraísos fiscais e estruturas de diversificação patrimonial no exterior.
Setores de destino e perfil dos declarantes da CBE
Do total declarado, US$ 313,6 bilhões foram investidos em empresas de serviços, majoritariamente serviços financeiros e holdings. A agropecuária, o extrativismo e a energia concentraram US$ 86,9 bilhões, enquanto a indústria recebeu US$ 42 bilhões. Os dados revelam uma forte presença brasileira em setores estratégicos do mercado internacional.
Em termos de perfil, a CBE identificou 29.068 declarantes em 2024. Destes, 25.208 são pessoas físicas com ativos externos somando US$ 245,4 milhões. Já as 3.860 empresas brasileiras no exterior concentram US$ 409,1 milhões em patrimônio no exterior, com grande peso no setor corporativo global.
O que são Capitais Brasileiros no Exterior (CBE)?
A sigla CBE refere-se à obrigação declaratória de residentes no Brasil que possuem valores, bens, direitos ou investimentos de qualquer natureza fora do país. A declaração é obrigatória para pessoas físicas e jurídicas com ativos superiores a US$ 1 milhão (anual) ou US$ 100 milhões (trimestral).
Além de garantir transparência, os dados da CBE contribuem para o Balanço de Pagamentos e a Posição de Investimento Internacional do Brasil. O Banco Central utiliza essas informações como base para monitoramento de capitais e elaboração de políticas de compliance financeiro internacional.
As multas por descumprimento podem chegar a R$ 250.000, com acréscimo de 50% em casos agravantes, como omissão intencional. Os prazos de entrega são fixos e variam conforme a data-base de apuração.
Implicações estratégicas e sinal de maturidade financeira global
O aumento expressivo no volume do volume de dinheiro de brasileiros no exterior indica não apenas a expansão das oportunidades de investimento internacional, mas também a necessidade de regulação mais robusta para combater eventuais práticas de evasão fiscal. O rastreamento eficiente desses recursos é essencial para o fortalecimento da governança econômica e para a proteção do interesse público.
A consolidação desses dados, por meio da declaração ao Banco Central, reforça a credibilidade das estatísticas nacionais e amplia a capacidade do país de acompanhar a atuação de seus agentes no cenário global. O volume de dinheiro de brasileiros no exterior é, portanto, um indicador da integração econômica do Brasil com o mundo — e do grau de responsabilidade exigido dos seus investidores.










