A Confederação Nacional da Indústria (CNI) expressou preocupação com as tarifas dos Estados Unidos contra exportações brasileiras, oficializadas na quarta-feira (30/07). A entidade avalia que o aumento compromete a competitividade da indústria nacional, ameaça cadeias produtivas e prejudica empregos, investimentos e contratos de longo prazo. Em vez de retaliação, a CNI defende diálogo, cooperação e medidas emergenciais de apoio ao setor exportador.
Medidas da CNI para enfrentar as tarifas dos Estados Unidos contra exportações brasileiras
Com foco em preservar a capacidade de exportação, especialmente das pequenas e médias empresas, a CNI apresentou ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) um pacote com 8 propostas emergenciais. As medidas abrangem financiamento, câmbio, alívio tributário e mecanismos de defesa comercial.
As 8 medidas da CNI para enfrentar as tarifas são:
- Crédito emergencial: linha do BNDES com juros de 1% a 4% ao ano;
- Câmbio: ampliação do prazo de ACC e ACE para 1.500 dias;
- Comércio exterior: prorrogação de carência em PROEX e BNDES-Exim;
- Antidumping: aplicação provisória com reforço técnico-operacional;
- Tributos federais: adiamento por 120 dias e parcelamento em 6 vezes;
- Ressarcimentos: pagamento imediato de créditos já homologados;
- Reintegra: elevação da alíquota de ressarcimento para 3%;
- Emprego: reativação e aprimoramento do Programa Seguro-Emprego.
Impactos das tarifas dos Estados Unidos contra exportações brasileiras em setores estratégicos
Cerca de 700 produtos brasileiros foram isentos da nova tarifa adicional de 40%, que se soma à tarifa de 10% vigente. No entanto, setores relevantes da pauta exportadora ficaram de fora das isenções e serão diretamente penalizados pelas tarifas dos Estados Unidos contra exportações brasileiras.
Setores afetados pela sobretaxa:
- Proteína animal
- Café
- Etanol
- Máquinas e equipamentos industriais
- Manufaturados de alto valor agregado
Produtos isentos das novas tarifas:
- Agroindústria: castanhas-do-pará, suco de laranja, frutas processadas
- Aeronáutica: drones, peças de aeronaves civis, turbojatos
- Tecnologia: baterias, roteadores, sistemas de iluminação
- Minerais e químicos: fertilizantes, ceras vegetais, derivados de petróleo
- Outros: celulose, madeira tropical, móveis industriais
Sistema FIEC alerta para os impactos no Ceará e defende ação conjunta
Durante reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin na terça-feira (29/07), o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), industrial Ricardo Cavalcante, destacou a importância de atuação coordenada entre setor público e privado. Segundo ele, a defesa da indústria exige mobilização total para mitigar os efeitos da política tarifária dos EUA.
Confira no vídeo entrevista de Ricardo Cavalcante:
“Nós estamos trabalhando full-time. Temos hoje no Ceará mais de 378 mil empregos com carteira assinada só na indústria. Isso representa mais de 30,2% de todos os empregos formais no estado. É uma responsabilidade muito grande”, afirmou Cavalcante.
De acordo com o presidente do Sistema FIEC, os impactos potenciais das tarifas dos Estados Unidos contra exportações brasileiras afetam especialmente setores como pesca e calçados, que juntos empregam cerca de 150 mil pessoas no estado.
O setor pesqueiro é particularmente vulnerável, pois parte relevante da produção tem como destino o mercado norte-americano, que já impõe entraves regulatórios. Cavalcante ressalta que não é viável simplesmente redirecionar essas exportações para outros países.
“Exportar não é simplesmente mudar de mercado. Exige regulamentação, análises sanitárias, ambientais e estruturais. Não dá para fazer essa virada de chave do dia para a noite”, alertou.
CNI organiza missão aos EUA e destaca riscos das tarifas dos Estados Unidos
A CNI já organiza uma missão empresarial aos Estados Unidos para estreitar o relacionamento entre empresas dos dois países. O objetivo é ampliar o diálogo técnico e reforçar o entendimento de que as tarifas dos Estados Unidos contra exportações brasileiras prejudicam também a economia americana.
“Nosso papel é ser um facilitador. As tarifas também vão afetar a economia americana”, afirmou Ricardo Alban, presidente da CNI.
Dados do comércio bilateral reforçam peso das tarifas dos Estados Unidos contra exportações brasileiras
A relação Brasil–EUA tem forte peso na estrutura da indústria nacional. As tarifas dos Estados Unidos contra exportações brasileiras impactam diretamente empregos, investimentos e fluxo produtivo.
Números relevantes:
- 3.662 empresas americanas atuam no Brasil
- 2.962 empresas brasileiras operam nos EUA
- 142 projetos greenfield brasileiros foram anunciados nos EUA entre 2013 e 2023
- Em 2024, cada R$ 1 bilhão exportado aos EUA gerou:
- 24,3 mil empregos no Brasil
- R$ 531,8 milhões em massa salarial
- R$ 3,2 bilhões em produção industrial
Leitura técnica: medidas são acertadas, mas urgência é fundamental
Para o empresário Pedro Brandão, especialista em finanças e CEO da CredÁgil, a prioridade agora é acelerar a execução das propostas:
“As medidas da CNI são bem direcionadas, mas o governo precisa acelerar sua implementação. Pequenas exportadoras não suportam 90 dias de incerteza com esse nível de tarifa. É preciso agir com rapidez para evitar ruptura em cadeias produtivas inteiras.”