A produção industrial em junho registrou alta de 0,1% após dois meses consecutivos de retração, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O leve crescimento foi sustentado principalmente pelo setor automotivo, papel e metalurgia. Embora interrompa a sequência negativa, o instituto alerta que o resultado ainda reflete recomposição pontual após perdas anteriores, e não uma tendência firme de retomada.
No acumulado de 2025, a atividade industrial brasileira avança 1,2%. Em 12 meses, o crescimento é de 2,4%. Já na comparação com junho de 2024, o setor apresenta retração industrial de 1,3%. A média móvel trimestral caiu 0,4%, reforçando o cenário de instabilidade.
Produção industrial em junho foi puxada por veículos, papel e químicos
Entre as 25 atividades industriais pesquisadas, 17 registraram expansão — a maior difusão desde junho de 2024. O principal impulso veio da fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, com alta de 2,4%. Também se destacaram:
- impressão e reprodução de gravações (6,6%)
- outros equipamentos de transporte (3,2%)
- produtos farmoquímicos e farmacêuticos (1,7%)
- celulose, papel e produtos de papel (1,6%)
- metalurgia e borracha (1,4% cada)
Essa recuperação foi interpretada pelo IBGE como reflexo de perdas recentes, e não como retomada sustentável. “Não estou dizendo que há trajetória de crescimento do desempenho da indústria”, afirmou André Macedo, gerente da pesquisa.
Juros altos e tarifaço dos EUA continuam pressionando setor
Apesar da leve alta da produção industrial em junho, o cenário segue pressionado pela política monetária restritiva. A taxa Selic alcançou 15% ao ano e impacta diretamente o crédito, o investimento e o consumo de bens duráveis. A inflação, por sua vez, está em 5,35% no acumulado de 12 meses, acima do teto da meta de 4,5%.
Além disso, o ambiente externo impõe obstáculos. Desde o início de 2025, os EUA implementaram um tarifaço sobre produtos brasileiros, com sobretaxa inicial de 10% e, agora em agosto, novo aumento de 40%. Para o IBGE, a medida afeta o planejamento das empresas da indústria de transformação exportadora.
Produção industrial em junho teve queda em bens de consumo e intermediários
Segundo o IBGE, entre as grandes categorias econômicas, a produção industrial em junho teve avanço em bens de capital (1,2%) e bens de consumo duráveis (0,2%). Já os bens intermediários caíram 0,1%, e os bens de consumo semi e não duráveis recuaram 1,2%, indicando fragilidade do consumo interno.
Setores que mais impactaram negativamente a variação na produção:
- indústrias extrativas (-1,9%)
- produtos alimentícios (-1,9%)
- derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,3%)
Essas três atividades respondem por cerca de 45% da estrutura industrial e seguem pressionadas pela conjuntura de custo elevado e demanda oscilante.










