A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos às exportações do Brasil entra em vigor no próximo dia 6 de agosto e já causa incertezas nos setores produtivos. Com o redirecionamento de exportações brasileiras se tornando inevitável, empresas correm para ajustar embarques ao exterior e buscar novos destinos.
Cada segmento depende de variáveis como capacidade de armazenamento, exigências sanitárias dos países importadores, logística de exportação, sazonalidade da produção e custos de transporte internacional.
Café brasileiro tenta ganhar tempo no redirecionamento de exportações brasileiras
O café está entre os primeiros a enfrentar o redirecionamento de exportações brasileiras. A vantagem do setor está na possibilidade de armazenar o grão arábica por até oito meses, o que dá fôlego para reorganizar os embarques ao mercado externo.
Apesar disso, desviar exportações do Brasil para novos destinos não será simples. Os torrefadores americanos costumam usar o café brasileiro em blends com grãos suaves da Colômbia. Para entrar em mercados como China ou Austrália, é preciso cumprir normas sanitárias específicas, além de adaptar certificações e a logística de envio.
Especialistas ressaltam que, para realocar produtos brasileiros com sucesso, será necessário apoio em acordos bilaterais, infraestrutura e canais comerciais estáveis.
Tilápia brasileira antecipa exportações antes do prazo
A tilápia, responsável por mais de 90% do pescado que o Brasil vende aos EUA, é um dos casos mais urgentes no redirecionamento de exportações brasileiras. Para evitar a tarifa de 50%, empresas intensificaram os embarques nos últimos dias.
Grande parte do produto segue em filé fresco por avião; o restante, congelado por navio. Como alternativa, os produtores mantêm o peixe em viveiros ou armazenam em frigoríficos. No entanto, o mercado interno não consegue absorver todo o excedente da produção redirecionada.
Segundo Francisco Medeiros, da PeixeBR, o setor deve readequar a distribuição. Já Eduardo Lobo, da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), alerta para o risco de colapso na cadeia produtiva, com sobreoferta e queda nos preços. Uma das saídas pode ser a reabertura das exportações à União Europeia, suspensas desde 2017.
Frutas brasileiras, como a manga, sofrem com limites
A manga Tommy Atkins, cuja colheita começa em agosto, lidera entre as frutas impactadas pelo redirecionamento de exportações brasileiras. Os EUA compram 14% do volume total e, sem esse destino, produtores temem excesso de oferta no mercado interno.
Para acessar outros países, é necessário submeter a fruta a um tratamento hidrotérmico — processo de imersão em água quente para eliminar pragas. Apesar disso, poucos países consomem manga em larga escala. Ao contrário do açaí, com maior vida útil, a manga exige agilidade logística e precisão no ponto de colheita.
A Abrafrutas ressalta que, mesmo com a tentativa de realocar produtos para outros mercados, dificilmente haverá demanda equivalente à dos Estados Unidos.
Indústria da carne suspende produção específica
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) suspendeu a produção voltada exclusivamente aos EUA. O redirecionamento de exportações brasileiras nesse setor será mais complexo, exigindo adaptações em embalagens, padrões sanitários e contratos de distribuição.
Apesar da China comprar mais em volume, os EUA garantem maior rentabilidade. Substituí-los exigirá tempo e recursos logísticos para ajustar os embarques a novos mercados.
Segundo a Abiec, o Brasil deve intensificar negociações bilaterais e estruturar melhor os canais de exportação, com apoio do governo e das entidades setoriais.
Redirecionamento de exportações brasileiras exigirá esforço coordenado
Mesmo com parte das cargas ainda em território nacional, o redirecionamento de exportações brasileiras enfrenta obstáculos comerciais e operacionais. Poucos países combinam demanda, infraestrutura e segurança sanitária como os EUA.
No curto prazo, o excedente da produção poderá pressionar os preços no mercado interno. No médio e longo prazo, será necessário diversificar rotas de exportação, com investimentos em logística, acordos internacionais e estratégias para reduzir a dependência do mercado americano.
O redirecionamento de exportações brasileiras, portanto, não é apenas uma resposta emergencial — é um novo desafio estratégico para o comércio exterior do país.