A negociação tarifária entre EUA e China entrou em nova fase nesta semana, com a retomada das conversas para prorrogar, por mais três meses, a suspensão mútua de tarifas. O acordo, vigente desde o início do ano, trata não apenas de tarifas, mas também do controle de cadeias estratégicas — como as de terras raras. Além disso, o desfecho pode gerar efeitos globais importantes: um pacto traria alívio ao comércio internacional, enquanto o fracasso reacenderia disputas e incertezas. Ambos os cenários, com implicações distintas, devem influenciar os próximos meses.
As conversas ocorrem sob forte pressão de prazo. Segundo relatos da Reuters, a China tem até 12 de agosto para chegar a um acordo duradouro com o governo do presidente Donald Trump, após entendimentos preliminares firmados entre maio e junho. Esses avanços anteriores haviam sinalizado disposição mútua para interromper a escalada de sanções e desbloquear o comércio de minerais estratégicos.
Avanços e entraves na negociação tarifária entre EUA e China
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou na quinta-feira (31/07) que as bases de um acordo com a China estão prontas, mas “não está 100% concluído”. Ele destacou que, ao lado do representante comercial Jamieson Greer, apresentará os termos a Trump nesta semana.
“Ainda há alguns detalhes técnicos a serem resolvidos entre nós sobre o lado chinês. Estou confiante de que isso será feito, mas não está 100% concluído”, declarou Bessent.
Essa sinalização pressiona não só a China, mas também outros países — inclusive a Índia, que, segundo Bessent, tem conduzido suas negociações com lentidão e causado frustração na equipe comercial americana.
“A Índia veio à mesa cedo. Eles estão fazendo as coisas lentamente. Portanto, acho que o presidente e toda a equipe comercial ficaram frustrados com eles.”
Bessent ainda comentou a aproximação da Índia com a Rússia, afirmando que o país “não tem sido um bom ator global”, o que pode influenciar o desfecho das tratativas.
Terras raras como peça-chave da negociação
Um dos principais pontos de atrito na negociação tarifária entre EUA e China está na cadeia global de terras raras — um conjunto de 17 elementos químicos indispensáveis à produção de baterias, turbinas, chips, equipamentos de defesa e tecnologias verdes. Segundo Carla Beni, economista conselheira do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), a dominância da China nesse mercado coloca o Ocidente em posição vulnerável.
“A China tem a maior reserva do mundo desses minerais, e os Estados Unidos dependem disso para manter seu desenvolvimento industrial e tecnológico”, afirmou Beni à Record News.
A China não só concentra a maior parte da extração global, como também domina o refino — etapa mais sensível da cadeia. Essa vantagem logística e tecnológica transforma os minerais em instrumento de pressão geopolítica, tornando a disputa comercial um tema de segurança nacional para os EUA.
Impactos da negociação tarifária entre EUA e China para o Brasil
A reabertura do diálogo entre as duas potências também tem implicações para o Brasil. Segundo Beni, o país se encontra em posição delicada:
“O Brasil precisa dos investimentos do Brics, do qual a China é protagonista, mas também mantém relações comerciais com os EUA.”
O avanço ou recuo na negociação tarifária entre EUA e China pode influenciar diretamente as rotas de exportação brasileiras, sobretudo em setores dependentes de cadeias globais como agronegócio, energia e tecnologia. Além disso, um eventual endurecimento tarifário poderá criar novas tensões logísticas e realocar investimentos estratégicos.
Estabilidade temporária, riscos permanentes
Mesmo sem garantias de acordo formal imediato, a realização da reunião já é vista como um sinal positivo por analistas do mercado. A continuidade da negociação tarifária entre EUA e China, ainda que sem solução definitiva, representaria um alívio temporário em um contexto marcado por incertezas crescentes.
A expectativa é por um comunicado conjunto nas próximas semanas, indicando os rumos das conversas e o grau de comprometimento de ambas as partes. A depender do conteúdo e do tom adotado, o desfecho poderá influenciar não apenas as bolsas de valores, mas também alianças diplomáticas e fluxos de capital global.
Se houver acordo: confiança parcial e estabilidade nos mercados
Caso a negociação tarifária entre EUA e China resulte em um acordo até 12 de agosto, o comércio global tende a ganhar fôlego. A primeira consequência seria a estabilização nos preços de insumos estratégicos, sobretudo em setores como tecnologia e energia. Além disso, a renovação do pacto sinalizaria ao mercado financeiro uma retomada parcial da confiança entre as duas potências.
Se não houver acordo: realinhamento global e pressão sobre emergentes
O fracasso nas negociações da negociação tarifária entre EUA e China tende a gerar impactos imediatos sobre a cadeia global de suprimentos. Em um primeiro momento, grandes empresas poderão rever rotas logísticas e realocar operações fora da Ásia. Em paralelo, o aumento das incertezas poderá reativar disputas comerciais bilaterais com efeitos diretos sobre o preço de commodities e a competitividade de exportadores como o Brasil.
Limites de avanço na negociação tarifária entre EUA e China
A China, diante do seu peso geopolítico e comercial, dificilmente aceitará termos que destoem substancialmente do status atual. Isso porque setores-chave da economia americana — como o varejo, a tecnologia e a cadeia de suprimentos — permanecem fortemente dependentes da produção chinesa. Esse fator limita a margem de pressão dos Estados Unidos e tende a influenciar o equilíbrio final da negociação tarifária entre EUA e China.