A exportação de café para a China ganhou novo impulso após a autorização de 183 empresas brasileiras pelo governo chinês. O anúncio foi feito no sábado (02/08) pela Embaixada da China no Brasil, por meio das redes sociais. A medida passou a valer em 30 de julho e representa uma resposta comercial relevante, no mesmo período em que os Estados Unidos impuseram uma tarifa de 50% sobre o café brasileiro.
Exportação de café para a China avança enquanto EUA elevam barreiras
Atualmente, os EUA são o maior destino do café brasileiro, com 3,3 milhões de sacas exportadas no primeiro semestre de 2025, segundo o Cecafé. Já a exportação de café para a China, embora menor em volume, apresentou crescimento relevante: 529.709 sacas no mesmo período. O consumo per capita chinês ainda é de apenas 16 xícaras ao ano, frente à média global de 240, o que reforça o potencial de crescimento.
Segundo o Cepea/Esalq, o redirecionamento da produção exigirá logística ágil e estratégia comercial refinada para mitigar impactos econômicos. Como o café pode ser armazenado sem perda de qualidade, o setor ganha tempo para reposicionar os embarques e ampliar a exportação de café para a China como alternativa viável.
Brasil lidera produção de café arábica e amplia vantagem global
O Brasil é o maior produtor mundial de café, com safra estimada em 66 milhões de sacas de 60 kg em 2024/25, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Só de arábica, o país colheu 43,7 milhões de sacas, cerca de 44% da produção mundial da variedade mais demandada pelos norte-americanos.
Na comparação, o Vietnã aparece em segundo lugar, com cerca de 30 milhões de sacas — quase exclusivamente de robusta. A Colômbia, com 13,2 milhões de sacas, colheu menos de um terço da produção brasileira. A liderança brasileira reforça sua posição estratégica ao sustentar a exportação de café para a China como alternativa às vendas para os EUA.
Movimento chinês enfraquece impacto da tarifa americana
Mais do que uma abertura de mercado, a exportação de café para a China se consolida como resposta coordenada à ofensiva tarifária dos EUA. Ao credenciar empresas brasileiras, a China demonstra disposição para ampliar o fluxo bilateral e atenuar os efeitos econômicos da retaliação americana.
Com forte presença logística e liderança global em arábica, o Brasil pode reorganizar sua estratégia externa, redirecionando parte da oferta ao mercado chinês. A médio prazo, esse movimento tende a alterar o eixo da exportação de café para a China, tornando-o mais relevante na balança comercial cafeeira do país.