Em um momento em que o mercado de trabalho desperta atenção de empresas e trabalhadores, os números mostram que o emprego formal em junho desacelera, marcando uma inflexão no ritmo da geração de vagas com carteira assinada no país. De acordo com o Novo Caged, o saldo foi de 148.992 empregos em maio e 166.621 em junho, refletindo uma reação moderada, porém ainda aquém do desempenho de 2024, quando junho havia registrado mais de 206 mil novas vagas.
Este é o menor resultado para o mês desde 2023, indicando que os desafios para a expansão do emprego formal permanecem no radar de quem acompanha a economia brasileira.
Principais indicadores do período:
- Emprego formal em junho desacelera em relação ao ano anterior: queda de 19,2%.
- Vagas acumuladas janeiro a maio: 1.051.244
- Vagas acumuladas janeiro a junho: 1.222.591 (queda de 6,8% ante 2024)
- Estoque de empregos formais: 48.251.304 em maio
A evolução positiva na geração de emprego formal em junho, mas mais lenta, reforça que o cenário brasileiro depende de uma série de variáveis macroeconômicas, cujos reflexos são captados rapidamente pelo mercado de trabalho formal.
Emprego formal em junho desacelera: evolução setorial e regional
A análise setorial mostra que o emprego formal em junho desacelera, mas a criação de vagas segue espalhada. Serviços lideraram, com 77.057 vagas em junho e 70.139 em maio. Comércio teve saldo de 32.938, indústria da transformação somou 20.105, e agropecuária e construção civil também avançaram, impulsionadas pela safra e por obras em andamento.
Destaques regionais e estaduais:
- São Paulo manteve a liderança em ambos os meses (40.089 vagas em junho).
- Minas Gerais e Rio de Janeiro consolidaram posições entre os três estados com maiores saldos.
- Acre surpreendeu com crescimento relativo em maio (+1,24%).
- Espírito Santo fechou junho no vermelho (-3.348), afetado pela entressafra do café, e o Rio Grande do Sul teve saldo negativo em maio (-115).
O perfil de geração de vagas também reflete tendências: em maio, foram 78.025 postos para mulheres e 70.967 para homens. Jovens de 18 a 24 anos responderam por 98.003 vagas no mês, especialmente no comércio e indústria da transformação.
Emprego Formal em junho desacelera: fatores macroeconômicos e impactos
A tendência de que o emprego formal em junho desacelera está diretamente ligada a fatores econômicos conjunturais. A manutenção da taxa Selic em nível elevado dificulta investimentos e novas contratações, especialmente nos setores de comércio e construção civil. O tarifaço imposto pelos Estados Unidos também já começa a afetar a indústria de transformação, limitando a criação de vagas em segmentos exportadores.
Outros aspectos relevantes incluem a sazonalidade agrícola, que explica a redução de empregos em regiões como o Espírito Santo, e a estabilidade do salário médio de admissão, que ficou em R$ 2.248,71 em maio, apontando a necessidade de políticas salariais mais atraentes para estimular a entrada de jovens no mercado formal.
Emprego e a perspectivas para o terceiro trimestre
Diante desse cenário, as perspectivas para o terceiro trimestre de 2025 são de moderação na criação de empregos formais. Serviços e construção civil seguem como setores com algum potencial de crescimento, mas a recuperação depende do comportamento do consumo e da ampliação dos investimentos.
O perfil das vagas de emprego formal tende a ser mais seletivo, exigindo maior qualificação dos candidatos. O acompanhamento dos indicadores do Ministério do Trabalho será fundamental para avaliar tendências e direcionar políticas públicas. O desafio, diante do cenário em que o emprego formal em junho desacelera, é estimular novas contratações e garantir dinamismo ao mercado de trabalho neste período.