No calor das disputas geopolíticas, um episódio recente colocou a Índia no centro das atenções quando, na quarta-feira (06/08), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa adicional de 25% sobre produtos indianos, elevando a carga total a 50%. O motivo: as persistentes compras de petróleo russo por Nova Délhi, vistas por Washington como um fôlego para Moscou em plena guerra na Ucrânia. Essa decisão reacendeu o debate sobre a real dimensão da dependência indiana do petróleo de Vladimir Putin e seus impactos no comércio internacional de energia.
Dependência histórica do petróleo russo
A dependência da Índia do petróleo russo é resultado de limitações estruturais. O país produz apenas 13% do que consome e importa mais de 85% de sua demanda interna. Além disso, suas reservas provadas, de cerca de 4,8 bilhões de barris, não são suficientes para garantir autonomia energética.
Já a Rússia, por outro lado, conta com 80 a 120 bilhões de barris em reservas e produz cerca de 10,5 milhões de barris por dia. Após 2022, Moscou tornou-se o principal fornecedor graças a descontos agressivos no petróleo bruto. Desse modo, a fatia russa nas importações indianas saltou de 0,2% para até 40%, o que representa aproximadamente 2 milhões de barris diários.
Trump e as sanções ao petróleo russo
A ordem executiva da Casa Branca, assinada em 2022, proíbe importações de petróleo e derivados da Rússia e autoriza sanções até para compras indiretas. Foi com base nela que Trump decidiu penalizar a Índia, alegando que cada barril de petróleo russo comprado financia a guerra na Ucrânia.
O Ministério das Relações Exteriores indiano reagiu, afirmando que países críticos à Índia também mantêm comércio com Moscou.
Produção e reservas: Índia x Rússia
País | Produção diária (barris/dia) | Reservas provadas (barris) |
---|---|---|
Índia | ~5 milhões | ~4,8–4,9 bilhões |
Rússia | ~10,5 milhões | ~80–120 bilhões |
Impactos globais do petróleo russo
A sanção contra a Índia representa um alerta para outros países que compram petróleo russo, como o Brasil, que em 2024 importou US$ 5,4 bilhões em diesel russo. Por isso, caso essa política se amplie, haverá reflexos no mercado global de energia, elevando custos e alterando rotas de comércio de combustíveis fósseis.