A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de ordenar uma intervenção federal em Washington D.C. nesta segunda-feira (11/08) foi classificada por jornais norte-americanos como um ato “extraordinário de uso do poder federal”. A medida não foi acompanhada de evidências concretas. Ela retira temporariamente o comando da polícia local e mobiliza cerca de 800 militares da Guarda Nacional por 30 dias. O objetivo declarado é combater o crime e retirar das ruas sem-teto e criminosos. Mas os dados recentes não justificam a medida.
Segundo o Departamento de Polícia de Washington, o crime violento na capital caiu 26% entre 2023 e 2024. Esse é o menor nível em três décadas. Em 2024, foram registrados 180 homicídios, taxa de 27 por 100 mil habitantes. Trump comparou o índice da cidade com capitais como Bagdá, Brasília, Cidade do Panamá e Bogotá. Ele afirmou que Brasília teria taxa de 13. No entanto, dados da Secretaria de Segurança Pública do DF indicam 6,8 em 2024. Já o Atlas da Violência 2025 mostra 11 por 100 mil em 2023.
Trump também acusou a prefeitura do Distrito de Colúmbia de manipular dados para mascarar a real situação da segurança pública. No entanto, não apresentou qualquer evidência para sustentar a alegação. Washington D.C. está localizado no Distrito de Colúmbia, região administrativa dos Estados Unidos que opera sob regime especial e não possui status de estado, semelhante ao Distrito Federal, no Brasil.
Contestação local à intervenção federal em Washington D.C.
Para efetivar a medida, Trump invocou a Seção 740 da “Lei de Autogoverno” (Homerule Act). A norma autoriza o uso da Guarda Nacional em casos de invasão, rebelião ou incapacidade das forças regulares em aplicar a lei. A prefeita Muriel Bowser nega a emergência e afirma que a criminalidade está em queda desde 2023. O procurador-geral Brian Schwalb classificou a intervenção como “sem precedentes” e “ilegal”, prometendo ações jurídicas.
Questão social e impacto político
Dados de 2024 mostram que a cidade possui cerca de 5,6 mil pessoas em situação de rua. Trump afirmou que pretende oferecer abrigos fora da cidade. Desde que reassumiu a Casa Branca em janeiro, o presidente vinha expressando o desejo de colocar a capital sob controle federal. Assim, a intervenção federal em Washington D.C. reforça sua agenda de segurança e é vista como um teste de limites constitucionais.