Sinal de fôlego, mas sem euforia: depois de recuar 3,8% em junho, as vendas do comércio varejista em julho avançaram 2,4%, segundo o Índice do Varejo Stone (IVS) divulgado ao Valor Econômico. Foi o maior crescimento mensal desde outubro de 2024 (2,9%). No entanto, na comparação com o mesmo período do ano passado, o faturamento caiu 1,1%, evidenciando que o setor ainda enfrenta barreiras para uma retomada sólida.
De acordo com Guilherme Freitas, economista e cientista de dados da Stone, o mercado de trabalho aquecido e a renda do trabalho impulsionaram o consumo das famílias, ajudando o desempenho das vendas do comércio varejista em julho e sustentando parte da recuperação do setor varejista brasileiro. A taxa de desemprego caiu para 5,8% no 2º trimestre, mínima histórica do IBGE, enquanto o Caged registrou saldo líquido de 166.621 vagas. Ainda assim, juros elevados, inflação e endividamento das famílias seguem pressionando o consumo.
Confira que cinco dos oito segmentos analisados apresentaram alta nas vendas do comércio varejista em julho, segundo o IVS:
- Material de construção liderou com alta de 3,8%;
- Produtos farmacêuticos (1,1%);
- Artigos de uso pessoal (1,2%);
- Combustíveis (0,8%);
- Vestuário (0,7%).
Os hipermercados ficaram estáveis, enquanto livros e papelaria caíram 3,6%, e móveis e eletrodomésticos recuaram 0,2%.
Freitas destacou que produtos de maior valor agregado, como eletrodomésticos, sofrem mais com juros altos por dependerem de compras parceladas. Segundo o Banco Central, o comprometimento mensal de renda das famílias com dívidas atingiu 27,8% em junho, maior nível desde maio de 2023. O IVS considera operações com cartões e Pix dentro do grupo StoneCo, inspirado na metodologia do Federal Reserve Board para medir o desempenho das vendas do comércio varejista em julho e no restante do ano.