A inflação nos EUA em julho registrou alta anual de 2,7%, repetindo o índice de junho, segundo o Departamento do Trabalho. O núcleo, que exclui energia e alimentos, avançou 0,3% no mês e atingiu 3,1% em 12 meses, mostrando aceleração.
Economistas destacam que esses números não incorporam ainda o impacto da alta das tarifas alfandegárias impostas pelo presidente Donald Trump, que podem gerar pressão inflacionária interna. Esse efeito, quando sentido pela população, tende a aumentar custos e dificultar cortes de juros pelo Federal Reserve.
Inflação nos EUA em julho e os desafios para o Fed
Nos EUA, assim como no Brasil, juros elevados servem para conter o consumo e a inflação. Porém, o quadro atual é distinto: o mercado de trabalho mostra sinais de enfraquecimento e o risco inflacionário vem de custos importados, e não do excesso de demanda.
No Brasil, a taxa Selic está em 15%, com inflação em queda e emprego em alta, mas sem perspectiva de cortes expressivos de juros no curto prazo. Já nos EUA, se a inflação nos EUA acelerar nos próximos meses devido às tarifas, o Fed pode ser forçado a manter juros elevados, mesmo com economia e mercado de trabalho mais fracos.
Para os próximos meses, soma-se a preocupação com a demissão da gestora responsável pelos relatórios de emprego. Analistas temem que Trump, ao nomear um substituto, pressione por estatísticas mais favoráveis à sua visão. A transparência é vista como ponto crítico e, se comprometida, pode afetar a confiança dos investidores internacionais nos dados do país.
Mercados podem rever expectativas
O relatório de julho, somado a dados fracos de emprego, fez o mercado apostar em cortes de juros já em setembro. Porém, se a inflação nos EUA em julho subir no próximo trimestre, o Fed pode adiar decisões e manter uma política restritiva.
O empresário Pedro Brandão, especialista em finanças e CEO da CredÁgil, reforça: “O mercado está eufórico com a possibilidade de cortes de juros, mas a inflação americana pode mudar esse cenário rapidamente. O Fed tende a ser conservador quando há sinais de pressão nos preços”.