O resultado da Hapvida no 2T25, divulgado na quarta-feira (13/08), revela um quadro de avanços na receita, mas com margens comprimidas e lucro em queda acentuada. O mercado acompanha o desempenho do setor como um todo — a Qualicorp divulga seus números nesta sexta-feira— para entender se a pressão observada é pontual ou tendência. A seguir, detalhamos a evolução frente ao 2T24 e ao 1T25, preservando todos os indicadores para leitura precisa.
Receita e dinâmica comercial no resultado da Hapvida no 2T25
A receita líquida somou R$ 7,67 bilhões no 2T25, alta de 7,3% sobre o 2T24 (R$ 7,15 bilhões) e avanço de 2,3% frente ao 1T25 (R$ 7,50 bilhões). O crescimento veio, sobretudo, de reajustes que sustentaram o ticket médio: +8% a/a no 2T25; +9% a/a no 1T25; +9,1% a/a no 2T24.
No recorte por linhas, os planos odontológicos avançaram 7% a/a no 2T25, enquanto a receita de serviços médicos recuou 12% a/a. Esse descompasso ajuda a explicar por que o ganho de receita não se traduziu em expansão de margens.
Base de clientes no resultado da Hapvida no 2T25
Em 2T24, a carteira contava com 16,128 milhões de beneficiários. No 1T25, caiu para 16,058 milhões, afetada pela sazonalidade. No 2T25, houve recuperação parcial para 16,116 milhões, com +57,7 mil vidas no trimestre. Em 12 meses, porém, a base segue 12 mil abaixo do nível de 2T24.
Custos assistenciais e sinistralidade
O ponto mais crítico foi a alta da sinistralidade caixa (cash-MLR), que mede a fatia da receita líquida consumida por despesas assistenciais pagas no período. No 2T25, atingiu 73,9%, contra 70,5% no 2T24 e 68,6% no 1T25. Mesmo excluindo efeitos judiciais, ficaria em 72,8% no 2T25, acima dos 67,6% do 1T25.
As provisões para o SUS somaram R$ 298 milhões no 2T25 (R$ 137 milhões em GRUs retroativas, R$ 65 milhões extraordinárias e R$ 96 milhões recorrentes), muito acima da faixa considerada normal pela própria companhia (1,2%–1,5% da receita, frente aos 3,9% deste trimestre).
Ebitda no resultado da Hapvida no 2T25
O Ebitda ajustado fechou em R$ 703,3 milhões no 2T25, queda de 26,6% sobre o 2T24 (R$ 927 milhões) e de 29,7% contra o 1T25 (R$ 1,0 bilhão). Sem o ReSUS, seria R$ 905,4 milhões (-1,6% a/a e -9,5% t/t).
Pedro Brandão (foto), especialista em finanças e CEO da CredÁgil, avaliou:
“Mesmo desconsiderando o efeito do ReSUS, o desempenho do Ebitda é preocupante. A margem permanece abaixo dos patamares ideais para o setor e longe do nível necessário para sustentar crescimento com folga. E a queda de 69,6% no lucro líquido em um ano reforça que a pressão sobre margens está corroendo não apenas a geração de caixa, mas também a capacidade de entregar resultado ao acionista.”
Lucro líquido e endividamento
O lucro líquido ajustado foi de R$ 148,9 milhões no 2T25, recuo de 69,6% ante o 2T24 (R$ 460 milhões) e de 64,2% frente ao 1T25 (R$ 416 milhões), abaixo da projeção média da LSEG (R$ 223,7 milhões).
A alavancagem segue baixa: dívida líquida/Ebitda de 1,03x no 2T24, abaixo de 1,0x no 1T25 e no 2T25, com geração de caixa robusta para enfrentar margens pressionadas.
Sinais para o investidor
O resultado da Hapvida no 2T25 mostra que a empresa preserva crescimento de receita e retomada parcial da base de clientes, mas enfrenta alta estrutural de custos. O investidor deve monitorar:
- Normalização das provisões para o SUS na faixa de 1,2%–1,5% da receita;
- Redução do cash-MLR para recompor margens;
- Qualidade do crescimento comercial, com retenção e controle de risco.









