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Lobista da Meta escreveu emenda de deputado e expôs lobby contra proteção infantil, diz Intercept

Um lobista da Meta está no meio de uma polêmica que mostra a influência de interesses privados na proteção de crianças na internet. Segundo denúncia do Intercept, documentos mostram que uma emenda importante, supostamente escrita pelo deputado Fernando Máximo, na verdade foi criada por Marconi Borges Machado, gerente de políticas públicas da Meta. O projeto de lei, que busca proteger crianças e adolescentes online, enfrenta tentativas de mudança que podem torná-lo menos eficaz. Com o aumento da pressão social, a conversa sobre o "dever de cuidado" e a responsabilidade das plataformas digitais volta a ser importante. O que realmente está em jogo?
lobista da Meta
O caso evidencia a convergência entre interesses privados e articulações políticas em um tema delicado. (Imagem: Ilustrativa)

O lobista da Meta entrou no centro de uma denúncia publicada pelo portal Intercept Brasil. A revelação mostrou os bastidores de uma manobra política no Congresso. Metadados de documentos da Câmara indicaram que uma emenda assinada pelo deputado Fernando Máximo (União Brasil-RO) não foi escrita por ele. O texto foi criado por Marconi Borges Machado, gerente de políticas públicas da Meta. Os metadados — informações internas dos arquivos digitais — confirmaram a autoria do executivo. Assim, conforme destacou o Intercept, a descoberta expôs a ligação direta entre empresas de tecnologia e parlamentares em um projeto que deveria ampliar a proteção de crianças na internet.

Em duas emendas, os metadados revelam a assinatura digital de Marconi Borges Machado (Imagem: Reprodução Intercept)

O que está em jogo no PL 2628

Apresentado em 2022 pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE), o PL 2628 busca criar regras para proteger crianças e adolescentes no ambiente digital. O texto original previa medidas contra exploração sexual e bullying, limites de tempo de uso, ferramentas de controle parental, restrições à coleta de dados pessoais e penalidades às plataformas em caso de descumprimento. O Senado aprovou o projeto no fim de 2024, com apoio de entidades ligadas à defesa da infância. Em abril de 2025, quando chegou à Câmara, a proposta virou alvo de tentativas de flexibilização. Foram apresentadas 38 emendas, sendo 31 de deputados do PL, União Brasil e Novo. Dessa forma, conforme apontou o Intercept, parte dessa ofensiva contou com a atuação do lobista da Meta, que esteve por trás de emendas registradas em nome de parlamentares.

A vitória do lobista da Meta com o “dever de cuidado”

Entre as mudanças mais significativas, a pressão das plataformas conseguiu derrubar o chamado “dever de cuidado”. Esse conceito, inspirado na legislação europeia, obrigaria empresas a agir de forma ativa para proteger usuários e mitigar riscos. No entanto, segundo o Intercept, o lobista da Meta foi peça-chave nesse movimento. Em vez da responsabilidade ativa, o texto passou a prever apenas deveres genéricos de prevenção e informação. Portanto, a carga de proteção foi transferida para famílias e usuários. O relator da Comissão de Comunicação admitiu que atendeu a pedidos de Google, Meta e de emendas como a do deputado Fernando Máximo.

Pressão social reacende o debate

A articulação política parecia consolidada, contudo um novo fator mudou o cenário. O influenciador Felca publicou um vídeo que viralizou ao denunciar a adultização de crianças nas redes sociais. A repercussão reacendeu o debate público e trouxe o projeto de volta ao centro das atenções. Além disso, aumentou a pressão para que a votação ocorra já na próxima semana. Especialistas alertam que, sem o “dever de cuidado”, a lei perde força e reduz a responsabilização das plataformas. Dessa forma, o lobista da Meta aparece como símbolo de como interesses privados podem enfraquecer a legislação. Isso deixa famílias e crianças mais expostas a riscos digitais.

O peso do lobista da Meta

O episódio mostra como interesses privados e articulações políticas caminharam juntos em um tema sensível. Segundo o Intercept, a trajetória de Fernando Máximo, sem histórico em tecnologia, evidencia o alcance do lobby digital no Congresso. Assim, o lobista da Meta deixou sua marca em um projeto que deveria ser um marco de proteção. Por outro lado, o texto chega ao plenário da Câmara cercado por dúvidas sobre quem realmente moldou suas linhas centrais.

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