O lobista da Meta entrou no centro de uma denúncia publicada pelo portal Intercept Brasil. A revelação mostrou os bastidores de uma manobra política no Congresso. Metadados de documentos da Câmara indicaram que uma emenda assinada pelo deputado Fernando Máximo (União Brasil-RO) não foi escrita por ele. O texto foi criado por Marconi Borges Machado, gerente de políticas públicas da Meta. Os metadados — informações internas dos arquivos digitais — confirmaram a autoria do executivo. Assim, conforme destacou o Intercept, a descoberta expôs a ligação direta entre empresas de tecnologia e parlamentares em um projeto que deveria ampliar a proteção de crianças na internet.

O que está em jogo no PL 2628
Apresentado em 2022 pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE), o PL 2628 busca criar regras para proteger crianças e adolescentes no ambiente digital. O texto original previa medidas contra exploração sexual e bullying, limites de tempo de uso, ferramentas de controle parental, restrições à coleta de dados pessoais e penalidades às plataformas em caso de descumprimento. O Senado aprovou o projeto no fim de 2024, com apoio de entidades ligadas à defesa da infância. Em abril de 2025, quando chegou à Câmara, a proposta virou alvo de tentativas de flexibilização. Foram apresentadas 38 emendas, sendo 31 de deputados do PL, União Brasil e Novo. Dessa forma, conforme apontou o Intercept, parte dessa ofensiva contou com a atuação do lobista da Meta, que esteve por trás de emendas registradas em nome de parlamentares.
A vitória do lobista da Meta com o “dever de cuidado”
Entre as mudanças mais significativas, a pressão das plataformas conseguiu derrubar o chamado “dever de cuidado”. Esse conceito, inspirado na legislação europeia, obrigaria empresas a agir de forma ativa para proteger usuários e mitigar riscos. No entanto, segundo o Intercept, o lobista da Meta foi peça-chave nesse movimento. Em vez da responsabilidade ativa, o texto passou a prever apenas deveres genéricos de prevenção e informação. Portanto, a carga de proteção foi transferida para famílias e usuários. O relator da Comissão de Comunicação admitiu que atendeu a pedidos de Google, Meta e de emendas como a do deputado Fernando Máximo.
Pressão social reacende o debate
A articulação política parecia consolidada, contudo um novo fator mudou o cenário. O influenciador Felca publicou um vídeo que viralizou ao denunciar a adultização de crianças nas redes sociais. A repercussão reacendeu o debate público e trouxe o projeto de volta ao centro das atenções. Além disso, aumentou a pressão para que a votação ocorra já na próxima semana. Especialistas alertam que, sem o “dever de cuidado”, a lei perde força e reduz a responsabilização das plataformas. Dessa forma, o lobista da Meta aparece como símbolo de como interesses privados podem enfraquecer a legislação. Isso deixa famílias e crianças mais expostas a riscos digitais.
O peso do lobista da Meta
O episódio mostra como interesses privados e articulações políticas caminharam juntos em um tema sensível. Segundo o Intercept, a trajetória de Fernando Máximo, sem histórico em tecnologia, evidencia o alcance do lobby digital no Congresso. Assim, o lobista da Meta deixou sua marca em um projeto que deveria ser um marco de proteção. Por outro lado, o texto chega ao plenário da Câmara cercado por dúvidas sobre quem realmente moldou suas linhas centrais.









