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Pobreza energética no Pará expõe contradição da COP30

A pobreza energética no Pará afeta 147 mil famílias sem acesso à eletricidade, mesmo o estado produzindo 11% da energia do Brasil. Dados do R7 expõem contraste com a realidade local e ampliam debate em torno da COP30, marcada para Belém em 2025.
pobreza energética no Pará
Sede da COP30 em 2025 e dono de duas das maiores hidrelétricas do país, o estado gera 11% da eletricidade brasileira, mas lidera o ranking nacional de famílias sem acesso à energia. (Foto: Freepik)

Às vésperas da COP30 em Belém, a pobreza energética no Pará contrasta com o papel do estado como polo de geração elétrica. Apesar de sediar hidrelétricas que produzem 11% da eletricidade do Brasil, ao menos 147 mil famílias permanecem sem acesso à energia, segundo o Ministério de Minas e Energia. O resultado é exclusão social: comunidades ribeirinhas e quilombolas gastam até R$ 3.000 em ligações precárias, recorrem à compra constante de gelo para conservar alimentos e enfrentam dificuldades para armazenar vacinas ou estudar à noite.

Exportador de energia, mas com famílias no escuro

A contradição da pobreza energética no Pará está na falta de linhas de transmissão internas. Enquanto a energia flui para o Sudeste, várias regiões amazônicas seguem desconectadas do sistema integrado. Para essas populações, a única opção são sistemas isolados, de alto custo e instalação complexa. Conforme publicado pelo R7, Vinicius Silva, pesquisador do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), explica que a logística amazônica dificulta a universalização da eletricidade. Ele cita a densa floresta, a extensão territorial e a ausência de mapeamento preciso como entraves ao avanço do programa Luz para Todos.

COP30 e a pressão internacional contra pobreza energética

Com a escolha de Belém como sede da COP30, a pobreza energética no Pará ganha destaque global. O governo brasileiro pretende apresentar metas de triplicar a energia renovável e duplicar a eficiência energética até 2030. No entanto, especialistas alertam que a credibilidade dessas metas depende da inclusão das populações amazônicas no acesso à energia limpa. Para a Organização das Nações Unidas (ONU) o desafio é mundial: se nada mudar, 600 milhões de pessoas permanecerão sem eletricidade até o ano da meta. No Brasil, mais de 314 mil famílias ainda estavam fora da rede até abril deste ano.

Soluções descentralizadas para a Amazônia

Segundo o Iema, superar a pobreza energética no Pará exige modelos descentralizados. Entre eles, sistemas de energia solar fotovoltaica e até microrreatores nucleares em fase experimental, capazes de abastecer pequenas comunidades por uma década. Além disso, especialistas defendem que a expansão da infraestrutura deve priorizar territórios indígenas, quilombolas e ribeirinhos, onde a exclusão é mais severa. Com a COP30, a expectativa é que a comunidade internacional pressione o Brasil a transformar a Amazônia em laboratório de soluções inclusivas, alinhando discurso global à prática local.

No fim, a transição energética só será legítima se combinar megawatts exportados com acesso justo e universal, garantindo que o brilho da COP30 não ofusque a realidade das famílias ainda à margem da eletricidade.

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