A demissão da diretora do Fed anunciada por Donald Trump nesta semana abriu um impasse institucional raro nos Estados Unidos. Lisa Cook, primeira mulher negra a ocupar o Conselho de Diretores do Federal Reserve, declarou que não renuncia e classificou a medida como ilegal. O próprio Fed reagiu com nota oficial afirmando que ela permanece no cargo até decisão judicial, reforçando que os diretores têm mandato fixo de 14 anos e só podem ser afastados por justa causa.
Trump pode ou não pode a demissão da diretora do Fed?
Na prática, a lei que criou o Federal Reserve em 1913 prevê que os diretores só podem ser removidos em caso grave — como negligência ou fraude comprovada. Ou seja, o presidente não tem autoridade para simplesmente demitir por discordância política ou pessoal. Trump tenta justificar a decisão alegando fraude hipotecária, mas a defesa de Cook nega e já recorreu ao Departamento de Justiça.
Para efeito comparativo, é como se um presidente brasileiro tentasse trocar um diretor do Banco Central porque discorda da política de juros: a lei não permite.
Trump x Federal Reserve
Não é a primeira vez que o presidente norte-americano confronta a instituição. Em 2019, ele já havia ameaçado retirar Jerome Powell da presidência do Fed por discordar da manutenção dos juros nos Estados Unidos. A repetição dessa estratégia reforça a visão de que Trump tenta impor influência direta nas decisões sobre crédito e cortes de juros, contrariando a tradição de autonomia que sustenta a credibilidade do dólar no cenário global.
Impactos nos mercados e a demissão da diretora do Fed
Apesar da gravidade, os mercados reagiram com cautela. Os futuros em Nova York recuaram discretamente, mas a volatilidade foi maior na Europa e na Ásia, refletindo temor de ingerência política. Analistas destacam que, se a demissão da diretora do Fed prosperar, qualquer presidente poderia moldar o banco central a seu interesse, afetando não só a economia americana, mas também a confiança no mercado financeiro global.
Próximos passos da crise Trump x Fed
Com o caso já judicializado, especialistas afirmam que o episódio marcará um divisor de águas. Se Trump vencer, a proteção legal que garante mandatos fixos perde força, ampliando o risco de politização do Fed. Se Cook permanecer, sairá fortalecida a leitura de que a demissão da diretora do Fed foi a maior crise institucional da história da instituição — e que serviu para reafirmar a independência da autoridade monetária.









