O que começou como uma pequena empresa de vale-refeição em 2015 terminou no centro da Operação Carbono Oculto, investigação bilionária contra o crime organizado. A BK Bank (BK Instituição de Pagamento), que evoluiu para cartões pré-pagos, máquinas de cartão e, em 2020, lançou uma conta digital com 20 mil usuários, tornou-se uma fintech em 2022 e rapidamente chamou atenção das autoridades. Segundo a Receita Federal, o grupo criminoso usou a instituição para movimentar mais de R$ 46 bilhões entre 2020 e 2024.
Operação Carbono Oculto expõe BK Bank em expansão
O crescimento da empresa foi acompanhado por um salto patrimonial expressivo: em 2024, elevou seu capital social para R$ 9 milhões. Além disso, no mesmo ano, a BK Instituição de Pagamento Ltda celebrou contrato de R$ 14.654.400,00 com o município de João Monlevade (MG). O acordo decorreu do Pregão Eletrônico 09/2022. Nesse contexto, o contrato previa serviços de administração, emissão de cartões com chip de segurança e realização de recargas na modalidade pré-pago.
BK Bank investigada por lavagem de dinheiro e fraude no setor de combustíveis
Paralelamente, os investigadores descobriram que a fintech mascarava recursos ilícitos ao utilizar contas bolsão — espécie de cofre digital que mistura depósitos de diferentes clientes. Esse mecanismo dificultava a identificação da origem e do destino do dinheiro. De acordo com a Receita Federal, a prática foi usada pelo crime organizado para movimentar valores em larga escala dentro da Operação Carbono Oculto.
Aster e a ligação na fraude em combustíveis na Operação Carbono Oculto
Um dos principais núcleos da Operação Carbono Oculto está ligado à distribuidora de combustíveis Aster, de Mohamad Hussein Mourad, cuja atuação foi suspensa pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em 2024. Somente desse cliente, a BK Bank recebeu R$ 2,22 bilhões. Para o Ministério Público, a fintech se transformou em peça central no esquema de lavagem, sonegação fiscal e fraude no setor de combustíveis, associado também a casas de apostas.
Operações simultâneas ampliam cerco ao crime no sistema financeiro
As investigações contra a BK Bank coincidem com novas ofensivas das autoridades. Na mesma data, nesta quinta-feira (28/8), a Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram as operações Quasar e Tank. Ambas, por sua vez, tinham como objetivo desarticular redes de lavagem no setor de combustíveis e em instituições financeiras. Dessa forma, o movimento reforça que fintechs, instituições de pagamento e fundos de investimento estão no centro da estratégia de combate ao crime organizado no mercado financeiro.