Com a renda das famílias pressionada e os juros ainda em patamar elevado, a inadimplência dos bancos no 2T25 voltou a ser o termômetro mais sensível da economia brasileira. Mais do que números frios, esses índices contam a história de como cada instituição reage a um ambiente hostil, dividido entre cautela e ousadia.
Inadimplência dos bancos no 2T25
No segundo trimestre, os indicadores acima de 90 dias mostram realidades opostas.
Tabela comparativa – Inadimplência (90+ dias) no 2T25
| Banco | Inadimplência (%) | Observação |
|---|---|---|
| Nubank | 6,6% | Maior nível do setor; carteira concentrada em clientes de maior risco. |
| Banco do Brasil | 4,2% | Pressão vinda do crédito rural e maior número de empresas em recuperação judicial. |
| Banco Inter | 4,2% | Leve alta trimestral; ainda elevado entre digitais. |
| Bradesco | 4,1% | Recuou após pico de quase 6% em 2023, mas segue acima da média histórica. |
| Santander | 3,1% | Queda em relação ao 1T25; posição intermediária entre pares. |
| Itaú | 1,9% | Melhor controle do setor; destaque positivo entre os grandes. |
Fatores por trás do aumento
Analistas destacam que os juros elevados e a renda fragilizada alimentam a escalada da inadimplência dos bancos no 2T25. Bancos digitais, sem garantias reais, sofrem mais com clientes vulneráveis. Entre os tradicionais, a pressão recai em linhas como cartão de crédito, consignado e crédito a pequenas empresas.
Segundo economistas, “a inadimplência é a face atrasada do ciclo de juros, refletindo meses de aperto monetário”.
Na prática, a conta chega para o consumidor na forma de crédito mais caro e seletivo.
Recuperações judiciais pressionam crédito
Outro fator que preocupa o setor é a alta nos pedidos de recuperação judicial, em especial no agronegócio. Segundo analistas, muitas empresas recorrem ao instrumento como estratégia financeira, mesmo quando teriam condições de honrar compromissos — a chamada “recuperação forçada”. O Banco do Brasil, que obteve um resultado esperado de queda no resultado, já relatou impacto direto em sua carteira de crédito rural, e o temor é que esse comportamento se espalhe, aumentando riscos também para Bradesco, Santander e Itaú, que possuem forte exposição a empresas médias e grandes.
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Nos bastidores, executivos admitem que o apetite por risco precisará mudar diante desse movimento.
Estratégias dos bancos para conter perdas
Para enfrentar a onda de atrasos, os bancos vêm intensificando medidas de contenção. Entre elas estão:
- Refinanciamentos e renegociações, que crescem em volume para evitar que dívidas avancem para perdas definitivas.
- Aumento das provisões, blindando resultados contra choques mais fortes.
- Tecnologia na análise de crédito, usada para calibrar limites de acordo com o histórico e a renda do cliente.
- Essas ações, embora eficazes no curto prazo, também encarecem o custo operacional e podem limitar a expansão do crédito no segundo semestre.
Perspectiva do mercado com inadimplência dos bancos no 2T25
A leitura dos investidores na B3 reforça o contraste. Itaú e Santander são vistos como cases de disciplina, preservando margens mesmo em cenário desafiador. Já Nubank e Inter, ao apostarem em crescimento agressivo, enfrentam volatilidade maior nas ações e maior exigência de provisões. No Banco do Brasil e no Bradesco, o foco recai na adaptação do portfólio e na tentativa de conter perdas em segmentos específicos.
Perspectivas para o setor bancário
A trajetória para o segundo semestre tende a manter o setor em alerta. Se a Selic começar a ceder em 2026, a melhora será gradual, com defasagem de trimestres. Instituições como Itaú e Santander, que reforçaram disciplina na originação, devem preservar rentabilidade. Já Nubank e Inter precisarão ajustar spreads e provisões. O aumento no Banco do Brasil acende sinais de risco também no crédito rural e corporativo.
O diagnóstico reforça que a inadimplência dos bancos no 2T25 é hoje uma linha divisória no setor: quem souber equilibrar crescimento e prudência atravessará 2026 em posição de vantagem, enquanto os mais expostos podem enfrentar perdas relevantes.









