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Esquema de combustíveis do PCC dribla ANP com laranjas

O esquema de combustíveis do PCC, mesmo após a perda de licenças, não só sobreviveu, mas se expandiu, revelando a fragilidade da regulação brasileira. Com 15 distribuidoras de fachada e combustível adulterado, a rede criminosa driblou a fiscalização da ANP, causando danos à saúde e à economia. A Operação Carbono Oculto expôs uma sofisticada estrutura de lavagem patrimonial, utilizando fintechs e fundos de investimento para ocultar repasses. Sem reformas profundas, o mercado ilegal continuará a corroer a concorrência e a ameaçar a segurança econômica do país. Descubra como essa rede se adaptou e desafiou a fiscalização!
esquema de combustíveis do PCC
(Foto: Freepik)

Mesmo após perder as licenças em julho de 2024, o esquema de combustíveis do PCC não só sobreviveu como ampliou sua atuação. A revelação de que a rede criminosa continuou ativa expôs a fragilidade da regulação brasileira. A Operação Carbono Oculto, deflagrada em 28 de agosto pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) e pela Receita Federal, mostrou que a estrutura criada pelo grupo se reergueu rapidamente com 15 distribuidoras de fachada, abastecendo cerca de mil postos em dez estados e driblando a fiscalização da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

Segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), os postos comercializavam combustível adulterado, com amostras contendo até 90% de metanol — substância altamente tóxica, cujo limite legal é de 0,5%. O impacto vai além da economia: o consumo desse produto compromete motores, aumenta a poluição e pode causar danos à saúde.

Operação Carbono Oculto expôs rede criminosa sofisticada

O relatório da investigação apontou que distribuidoras como Duvale e Estrela, sediadas em Jardinópolis (SP), tornaram-se pilares da continuidade do esquema após a primeira cassação aplicada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). A Estrela ilustra a escalada: em 2021, declarava apenas R$ 100 mil em faturamento; em 2024, já registrava R$ 1 bilhão.

Essa rápida expansão evidenciou o poder de reorganização do esquema de combustíveis do PCC. Ao ofertar combustível adulterado por preços mais baixos, o grupo conquistava espaço tanto em bandeiras brancas quanto em redes conhecidas, impondo concorrência desleal ao mercado formal e gerando perdas bilionárias de arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

Esquema de combustíveis do PCC usou fintechs e fundos

Além das distribuidoras laranjas, a engrenagem criminosa contou com o suporte de fintechs. O BK Bank, por exemplo, movimentou ao menos R$ 46 bilhões por meio do modelo de conta-bolsão, que mistura recursos de diversos clientes. Essa prática dificulta a rastreabilidade e facilitou a ocultação de repasses, como os mais de R$ 115 milhões destinados apenas à Duvale.

A investigação também revelou o uso de fundos de investimento como blindagem patrimonial. Fundos controlavam outros fundos ou empresas, criando camadas que tornavam quase impossível identificar os verdadeiros beneficiários. Essa estratégia sofisticada posiciona o caso não apenas como crime de combustível, mas como lavagem patrimonial complexa, em nível comparável ao de organizações financeiras globais.

Esquema de combustíveis do PCC pressiona regulação da ANP

Para Emerson Kapaz, presidente do Instituto Combustível Legal, o problema central é a facilidade com que novas empresas são abertas após cassações. “Foram criadas companhias em série para dar continuidade à operação, por isso é preciso limitar o uso de CPFs já penalizados”, afirmou. Ele defende que o marco regulatório precisa impedir que laranjas assumam licenças cassadas, sob pena de perpetuar o ciclo criminoso.

Em nota, a ANP declarou que vem aprimorando suas ferramentas de inteligência, intensificando o mapeamento de grupos suspeitos e reforçando operações de campo. Ainda assim, especialistas alertam: sem reformas profundas, que incluam rastreabilidade financeira e cruzamento de dados em tempo real, o esquema de combustíveis do PCC continuará explorando brechas legais.

Operação Carbono Oculto e a sucessão das redes

Outro ponto relevante foi a sucessão no mercado de distribuição. Após a cassação do grupo Copape/Aster, de Mohamad Mourad, quem assumiu o espaço foi a Rodopetro, empresa do grupo Refit, ligada ao empresário Ricardo Magro. Essa transição revela como redes formais e informais se misturam, desafiando a capacidade de fiscalização do Estado e evidenciando a complexidade da cadeia de combustíveis no Brasil.

O caso mostra como o esquema de combustíveis do PCC transformou-se em uma rede empresarial de alto nível, capaz de se adaptar a medidas regulatórias e blindar-se financeiramente. A Operação Carbono Oculto trouxe à tona não apenas crimes econômicos, mas um alerta sobre o papel da regulação no Brasil.

Sem reformas que fechem as portas para empresas de fachada, fortaleçam a atuação da ANP e monitorem fintechs e fundos de investimento em tempo real, a tendência é que o mercado ilegal siga corroendo a concorrência e impondo riscos à sociedade. A mensagem é clara: enquanto a lei andar atrás da criatividade criminosa, o crime organizado continuará abastecendo o país — de combustível adulterado e de insegurança econômica.

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