A atividade industrial da zona do euro avançou em agosto de 2025, após mais de dois anos de retração, registrando PMI (Índice de Gerentes de Compras) de 50,7 pontos, segundo dados da pesquisa do Hamburg Commercial Bank (HCOB) divulgados pela Reuters nesta segunda-feira (01/09).
O salto, acima da previsão preliminar de 50,5 pontos, sinaliza retomada da confiança na atividade industrial da zona do euro. O movimento foi sustentado por maior demanda interna e níveis mais altos de produção, com a Espanha liderando a guinada.
Esse é o maior índice em mais de três anos e a primeira vez que supera a marca de 50,0 desde junho de 2022, o que separa expansão de contração. O dado marca uma virada para o setor, especialmente porque os avanços da Espanha vêm acompanhados de sinais de recuperação da Alemanha, ainda que o Reino Unido siga em contração fora da zona do euro.
Espanha impulsiona atividade industrial da zona do euro
A Espanha registrou PMI de 54,3 em agosto, contra 51,9 em julho, no ritmo mais acelerado desde outubro de 2023. A força do setor foi alimentada por novos pedidos, aumento da produção e geração de empregos pelo sexto mês seguido.
Jonas Feldhusen, economista do Hamburg Commercial Bank, avaliou que “a força sustentada do país pode funcionar como catalisador para uma revitalização econômica mais ampla”.
O desempenho espanhol contrasta com a média do bloco e reforça o papel do país como motor do crescimento. O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou que a economia espanhola cresceu 0,7% no segundo trimestre, e o governo prevê alta de 2,6% em 2025.
Alemanha mostra sinais, mas enfrenta pressões
O PMI da Alemanha subiu para 49,8 no mês de agosto, maior nível desde 2022, sustentado por três meses seguidos de alta nos novos pedidos. Contudo, os cortes de pessoal continuaram, refletindo custos elevados e exportações em queda.
Cyrus de la Rubia, economista-chefe do HCOB, destacou que a capacidade de manter a produção “é uma prova da resiliência do setor”, mas alertou para riscos ligados às tensões comerciais com os Estados Unidos e à concorrência da China.
Reino Unido em queda acentua contraste com a atividade industrial da zona do euro
Fora do bloco, o PMI britânico caiu a 47,0 em agosto, marcando 11 meses seguidos em retração. Tarifas comerciais globais, impostos mais altos e custos trabalhistas reduziram exportações e novos pedidos, segundo a S&P Global. Para analistas, o contraste entre a recuperação europeia e a fraqueza do Reino Unido reforça a vulnerabilidade do setor industrial britânico diante de choques externos.
Com isso, a atividade industrial da zona do euro pode ter encontrado um ponto de inflexão, sustentada pelo destaque positivo da Espanha, enquanto a Alemanha tenta consolidar sua recuperação e o Reino Unido enfrenta obstáculos cada vez mais visíveis diante dos riscos externos.









