A indústria brasileira voltou a perder fôlego em julho, em um movimento que afeta empregos, exportações e o bolso do consumidor. O resultado da produção industrial no Brasil em julho mostrou retração de 0,2% no mês, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nesta quarta-feira (03/09), acumulando queda de 1,5% nos últimos quatro meses. A taxa Selic em 15% ao ano pressiona o crédito, encarece financiamentos e reduz investimentos produtivos, acentuando a fragilidade do setor.
Com quedas em abril (-0,7%) e maio (-0,6%) e estabilidade em junho, o setor ainda não encontra fôlego, e a produção industrial no Brasil em julho confirma essa tendência de enfraquecimento. A política monetária restritiva, marcada por juros altos no Brasil, pesa sobre empresas e consumidores.
De acordo com André Macedo, gerente da pesquisa, o ambiente restritivo segue como entrave central. “O juro alto limita o consumo e as decisões de investimento, o que reduz o ritmo da produção industrial”, afirmou.
A inflação acumulada de 12 meses até julho foi de 5,23%, acima do teto da meta de 4,5%, sustentando a decisão do Banco Central de manter a Selic elevada.
Produção industrial no Brasil em julho e os setores mais afetados
Entre as 25 atividades pesquisadas pelo IBGE, 13 registraram queda na produção industrial no Brasil em julho, com destaque para setores ligados ao mercado externo e ao crédito mais caro. Essa retração da indústria brasileira evidencia a vulnerabilidade dos segmentos que dependem de consumo financiado.
Principais quedas
- Metalurgia: -2,3%
- Outros equipamentos de transporte: -5,3%
- Bebidas: -2,2%
- Impressão e reprodução de gravações: -11,3%
- Equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos: -2%
Principais altas
- Produtos farmoquímicos e farmacêuticos: +7,9%
- Alimentos: +1,1%
- Produtos químicos: +1,8%
- Indústrias extrativas: +0,8%
Categorias da indústria e desempenho desigual
O recorte por grandes categorias mostra comportamentos distintos. Bens de capital recuaram 0,2%, indicando cautela nos investimentos, enquanto os bens de consumo duráveis caíram 0,5%, impactados pela queda no crédito. Já os bens intermediários cresceram 0,5% e os bens de consumo semi e não duráveis avançaram 0,1%, sustentados pelo consumo básico.
Esse panorama reforça que a produção industrial no Brasil em julho foi desigual entre os diferentes tipos de bens, concentrando perdas justamente nos setores mais sensíveis ao custo do financiamento.
Juros altos e tarifaço no horizonte
Além da política monetária, empresários demonstram preocupação com o tarifaço americano, anunciado em agosto pelo governo dos Estados Unidos. Embora ainda não estivesse em vigor em julho, a medida já afetava expectativas, sobretudo nos setores dependentes das exportações brasileiras.
Analistas avaliam que a combinação de Selic elevada, inflação acima da meta e barreiras comerciais externas deve manter a produção industrial no Brasil em julho em ritmo lento também nos próximos meses, reforçando a retração da indústria brasileira e exigindo novas estratégias de competitividade.