O que parecia apenas uma questão de tempo terminou em ruptura. Na noite de quarta-feira (03/09), o Banco Central (BC) vetou a compra do Banco Master pelo BRB (Banco de Brasília), frustrando uma negociação de R$ 2 bilhões e encerrando um processo de cinco meses de análise. A decisão nesse sentido já era esperada por parte do mercado, diante das dúvidas sobre as operações da instituição e dos alertas de risco que vinham sendo levantados.
Banco Master volta à estaca zero após o veto
O rompimento do contrato entre os bancos foi imediato. Para o Banco Master, a negativa representa retornar ao ponto de partida em sua busca por um parceiro capaz de sustentar seu crescimento. A ausência de balanços recentes e a dificuldade de acessar o mercado internacional já vinham gerando desconfiança. Sem a chancela do BC, o Banco Master passa a enfrentar sozinho a pressão do mercado e o risco regulatório ampliado, ampliando dúvidas de clientes e investidores.
O cenário chama atenção porque a operação já havia conquistado apoios institucionais relevantes. A Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou a transação, sancionada pelo governador Ibaneis Rocha pouco mais de dez dias antes do veto. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) também deu aval, e o Ministério Público do DF acompanhava o processo desde março, após decisão judicial. Ainda assim, o BC manteve a palavra final e barrou a compra do Banco Master, reforçando que a aprovação política não substitui a análise regulatória.
Banco Master atrai desconfiança do mercado
No mercado, chegou a ser cogitada a entrada do BTG Pactual como comprador, desde que o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) assumisse parte dos passivos. A falta de consenso entre os bancos que integram o fundo inviabilizou essa alternativa e reforçou a leitura de que o Banco Master carrega riscos além do aceitável. Com ativos de R$ 73 bilhões, dos quais R$ 23 bilhões de baixa liquidez, a instituição precisará convencer que pode se sustentar sem apoio externo. Para analistas, o episódio reforça a necessidade de maior transparência sobre sua real situação financeira.
“A falta de atualização do balanço do Banco Master, somada ao fracasso na emissão de títulos em dólares e às taxas acima de 140% do CDI, aumentou a percepção de desequilíbrio e explica por que a decisão do Banco Central impacta tanto a confiança do mercado”, destacou ao Economic News Brasil o ex-banqueiro Geldo Machado, presidente do Sinfac (CE.PI.MA.RN).
Impactos para clientes e investidores
Para os clientes, a consequência é um clima de incerteza. O Banco Master vinha atraindo recursos oferecendo rendimentos de até 140% do CDI, patamar incomum para instituições do seu porte. Essa prática, antes vista como ousada, agora reforça a percepção de risco elevado. Já para os investidores do BRB, a frustração é mais limitada: a instituição perde uma oportunidade de expansão, mas preserva sua base sólida como sociedade de economia mista controlada pelo governo do Distrito Federal, com presença em oito estados além do DF.
O desfecho mostra que, diante de operações de alto risco, o Banco Central não hesita em priorizar a estabilidade do sistema financeiro. Para o Banco Master, cada passo daqui em diante será acompanhado de perto pelo mercado, que aguarda sinais de recuperação ou a entrada de novos interessados — em condições certamente mais duras do que as oferecidas até agora.
“O veto do Banco Central deixa o futuro do Banco Master em aberto e tende a provocar apreensão entre clientes que mantêm recursos na instituição, exigindo transparência e segurança imediata”, afirmou ao ENB o especialista em finanças Pedro Brandão, CEO da CredÁgil.
O mercado aguarda as estratégias que serão adotadas pelo controlador do Banco Master, Daniel Vorcaro após a decisão final do Banco Central.









