O empresário Maurício Camisotti foi preso nesta sexta-feira (12), em São Paulo, durante a Operação Cambota. Segundo a Polícia Federal (PF), ele é investigado por atuar como sócio oculto em entidades que aplicavam descontos indevidos sobre aposentadorias e pensões do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). A prisão foi autorizada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), após solicitação feita pela CPMI do INSS.
Maurício Camisotti foi preso como sócio oculto de entidades ligadas ao INSS
Camisotti é dono de empresas da área de seguros e planos de saúde. De acordo com a investigação, Maurício Camisotti foi preso por suspeita de controlar três entidades que, juntas, faturaram mais de R$ 1 bilhão desde 2021. Apenas no último ano, essas associações movimentaram R$ 580 milhões, todas com sede em escritórios comerciais em São Paulo.
A Ambec (Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos), apontada como a principal entidade do esquema, teve seu contrato com o INSS suspenso pela PF. Segundo a apuração, só a Ambec repassou R$ 30,1 milhões para empresas ligadas ao empresário.
Fraudes e laranjas no esquema
Reportagens do portal Metrópoles, que revelou o escândalo em dezembro de 2023, mostraram que o faturamento das entidades com descontos em benefícios chegou a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto acumulavam milhares de processos por fraude em filiações.
A investigação também identificou que dirigentes dessas entidades eram funcionários e familiares de executivos do grupo Camisotti. Entre eles, Maria Inês Batista de Almeida, ex-presidente da Ambec, que se apresentava como auxiliar de dentista em documentos e, em outro registro, constava como faxineira de empresas do empresário. Segundo a PF, primos, sobrinhos, uma irmã e até um ex-cunhado apareciam como sócios em companhias associadas ao grupo.
Quebras de sigilo bancário apontam que quatro empresas da rede de Camisotti, reunidas sob a marca Total Health, receberam R$ 43 milhões em repasses das associações investigadas.
Defesa afirma que Maurício Camisotti foi preso sem motivo
Em nota, a defesa de Camisotti afirmou que “não há qualquer motivo que justifique sua prisão no âmbito da operação que apura fraudes no INSS”.
Os advogados classificaram a ação como arbitrária e denunciaram que o celular do empresário foi retirado de suas mãos enquanto falava com seu advogado, o que configuraria, segundo eles, afronta a garantias constitucionais.
A defesa informou ainda que adotará todas as medidas legais para tentar reverter a prisão preventiva e assegurar o respeito aos direitos do empresário.
Entre os bens apreendidos quando Maurício Camisotti foi preso
Segundo a PF, a operação também resultou na apreensão de uma Ferrari, um carro de Fórmula 1, relógios de luxo e dinheiro em espécie, encontrados em endereços ligados aos alvos da investigação no Lago Sul, em Brasília. Embora a corporação não tenha detalhado a quem pertenciam os bens, a lista reforça a dimensão do patrimônio investigado.
Prisão de Maurício Camisotti foi preso amplia investigação
A Operação Cambota também levou ao cumprimento de mandados de busca e apreensão contra o advogado e empresário Nelson Wilians, em São Paulo. De acordo com a PF, na casa e no escritório dele foram encontradas dezenas de obras de arte.
Além de Camisotti, a ação prendeu ainda o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, em Brasília. Segundo a PF, as duas prisões ampliam a linha de apuração sobre o esquema que pode ter causado um prejuízo de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
Até o momento, não há condenações judiciais, e todos os investigados respondem em fase de inquérito.