A queda dos juros nos EUA domina o noticiário e expõe a ofensiva da Casa Branca sobre o Federal Reserve. Donald Trump voltou a provocar o presidente do banco central, Jerome Powell, chamando-o de “incompetente” e solicitando um “grande corte”. A decisão do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) sai na quarta (17) e parte de uma base de 4,25% a 4,5% ao ano. Desde a posse de Trump, não houve redução, ajudando a explicar a escalada retórica. Ainda assim, o processo decisório do Fed continua ancorado em dados, não em pressões públicas.
Probabilidades de corte e reflexos locais — queda dos juros nos EUA
Conforme os preços de mercado, a probabilidade de um ajuste de 0,25 ponto é majoritária, enquanto a chance de 0,5 ponto permanece pequena. Esse pano de fundo já aparece nas telas: o dólar recuou pela manhã para R$ 5,336 e, apesar do tom mais cauteloso recente, o Ibovespa avança no ano. Em paralelo, a inflação dos EUA marcou 2,9% em agosto, com alta mensal de 0,4%. Esses números sustentam o início de flexibilização, mas não afastam a vigilância do Fed diante da queda dos juros nos EUA.
Superquarta liga Brasília e Washington
No Brasil, o Copom deve repetir a pausa e manter a Selic em 15% ao ano. Assim, a superquarta conecta duas leituras distintas: lá fora, cortes graduais buscam aliviar o custo do crédito e o mercado imobiliário; aqui, estabilidade da taxa preserva o combate à inflação. Consequentemente, gestores reavaliam duração cambial e exposição a cíclicos, calibrando risco doméstico e externo.
Sucessão no Fed entra no radar
Além do curto prazo, a política monetária cruza com política institucional. Trump indicou que avalia nomes como Kevin Warsh, Christopher Waller e Kevin Hassett para substituir Powell quando o mandato terminar em maio de 2026. Embora a lista não defina o ritmo atual, ela ajuda a formar expectativas sobre a inclinação do comitê no ciclo seguinte.
China desacelera e amplia a incerteza diante da queda dos juros nos EUA
Por fim, o cenário global ainda absorve sinais mistos da China: as vendas do varejo cresceram 3,4% em agosto, abaixo das estimativas, e a produção industrial avançou 5,2%, o menor ritmo desde agosto de 2024. Em conjunto, esses dados reforçam a necessidade de prudência tática, sobretudo em emergentes sensíveis a commodities e fluxo estrangeiro.
Em síntese, a queda dos juros nos EUA tende a reduzir o custo de capital global, porém seu alcance dependerá da orientação. Caso o Fed sugira cortes graduais e condicionais, o alívio será ordenado. Se, ao contrário, o comunicado soar mais pacífico, o apetite por risco pode aumentar rapidamente, afetando dólar, curva de juros e bolsa. Para o investidor, a queda dos juros nos EUA inaugura arranjo de preços — e a comunicação de Powell será tão relevante quanto o número do corte.