O Banco Central confirmou nesta quarta-feira (17) a manutenção da taxa Selic em 15% ao ano, maior patamar em vinte anos. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), já esperada pelo mercado, tem como objetivo central conter a inflação e reforçar a credibilidade da política monetária brasileira. Ao segurar a taxa, o BC sinaliza que ainda enxerga riscos persistentes para a estabilidade de preços.
A justificativa da autoridade monetária passa pelo controle da demanda e pela necessidade de manter expectativas ancoradas. Pressões fiscais, incerteza sobre contas públicas e volatilidade cambial sustentam o entendimento de que uma redução neste momento poderia desestabilizar o cenário macroeconômico. O equilíbrio entre segurar a inflação e não sufocar a atividade segue como o grande dilema do Copom, que optou por preservar cautela.
Enquanto o Brasil segura juros, os Estados Unidos iniciaram um novo ciclo. O Federal Reserve (Fed) anunciou hoje o corte de 0,25 ponto percentual, levando a taxa para o intervalo de 4% a 4,25% ao ano. Foi a primeira redução em nove meses, resultado de pressões políticas do presidente norte-americano Donald Trump e de sinais de arrefecimento da economia. O contraste ressalta os diferentes estágios da política monetária global.
Segundo Pedro Brandão, especialista em finanças, a manutenção da taxa Selic em 15% confirma o compromisso do BC com o combate à inflação. “O corte do Fed mostra estímulo externo, mas o Brasil precisa lidar com questões internas, como pressão fiscal e risco cambial. O recado é de disciplina monetária”, afirmou.
O mercado reagiu de forma positiva à decisão internacional e com cautela no cenário doméstico. O Ibovespa avançou 1,06%, aos 145.592 pontos, renovando recorde histórico. Já o dólar comercial fechou praticamente estável, em alta de 0,06%, a R$ 5,3012 na venda. O comportamento reflete otimismo nas ações e prudência no câmbio, em meio ao contraste entre Brasil e EUA.
A decisão do Copom projeta um horizonte de manutenção prolongada. Analistas veem espaço para cortes apenas em 2026, caso os índices de inflação confirmem desaceleração. Até lá, a taxa Selic seguirá como ferramenta de estabilidade, mesmo que em custo elevado para crédito e atividade econômica.










