A decisão do Fed sobre juros nesta quarta-feira (17) resultou no primeiro corte em nove meses. O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, reduziu a taxa em 0,25 ponto percentual, para o intervalo de 4% a 4,25% ao ano. O banco central também sinalizou a possibilidade de novas reduções até o fim de 2025.
Em comunicado, o Fed justificou o corte citando a desaceleração no emprego e a alta do desemprego. A medida reflete uma tentativa de preservar o crescimento, diante de sinais crescentes de enfraquecimento da economia.
Reflexos no Brasil após a decisão do Fed sobre juros
No Brasil, a atenção se volta ao Comitê de Política Monetária (Copom), que divulgará às 18h30 sua decisão sobre a taxa Selic. Hoje, a Selic está em 15% ao ano, o maior nível em quase duas décadas. Investidores avaliam se o Banco Central manterá a taxa ou se indicará mudanças futuras. Nesse contraste, a decisão do Fed sobre juros aponta um ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos.
Após o anúncio do corte pelo Federal Reserve, o mercado brasileiro reagiu de forma positiva. O Ibovespa fechou em alta de 1,06%, aos 145.592 pontos, registrando novo recorde. O dólar comercial encerrou praticamente estável, com leve avanço de 0,06%, negociado a R$ 5,3012 na venda. O movimento mostra otimismo nas ações, mas cautela no câmbio, refletindo o contraste entre a política monetária dos EUA e o cenário local.
O Economic News Brasil ouviu o empresário Geldo Machado, presidente do Sinfac (CE.PI.MA.RN), sobre os possíveis impactos desse cenário. Para ele, o corte nos Estados Unidos reforça o diferencial de juros, mas não altera a realidade do crédito interno.
“O câmbio pode se beneficiar, com o real mais firme frente ao dólar, mas o crédito continua caro para empresas e consumidores, limitando investimentos.”
Impactos globais e desafios locais
Machado também avaliou os efeitos mais amplos da decisão do Fed sobre juros, destacando que o Brasil precisa de condições internas sólidas para acompanhar o ciclo americano.
“Enquanto os EUA iniciam um ciclo de cortes, o Brasil precisa de cautela fiscal e inflação sob controle para começar a reduzir a Selic. Até lá, o crédito seguirá restrito.”
A decisão do Fed sobre juros amplia o contraste entre as duas economias. Nos Estados Unidos, a redução da taxa tende a estimular crédito e consumo. Contudo, ainda persiste o risco inflacionário. Já no Brasil, a Selic em 15% restringe investimentos, encarece o crédito e mantém a economia em compasso de espera.
Esse ambiente global cria um cenário de oportunidades e riscos. De um lado, ativos de países emergentes podem se beneficiar do maior apetite por risco. De outro, qualquer choque externo ou falha no ajuste fiscal doméstico pode comprometer a atratividade do real. Além disso, podem reaparecer pressões inflacionárias, caso a confiança nos fundamentos se enfraqueça.
Na avaliação do mercado, a decisão do Fed sobre juros foi recebida com otimismo pela bolsa brasileira, que reagiu em alta diante do maior apetite por ativos de risco. Já o câmbio apresentou oscilação moderada. O dólar manteve-se praticamente estável frente ao real, refletindo a cautela dos investidores diante do contraste entre os dois bancos centrais.