A venda da Avon International pela Natura (NATU3) simboliza uma guinada de peso no grupo brasileiro. O acordo vinculante anunciado nesta quinta-feira( 18/09) transfere para a Regent o controle da holding da Avon fora da América Latina e da Rússia, em troca de valor simbólico de cerca de US$ 1,35 (R$ 7,15) no fechamento. Embora o preço aparente seja irrelevante, a operação inclui earn-outs e pagamentos contingentes de até US$ 81 milhões (R$ 430 milhões), atrelados a resultados futuros e eventos de liquidez. A transação ainda prevê a concessão de uma linha de crédito garantida de até US$ 25 milhões (R$ 132 milhões), com vencimento em cinco anos.
Venda da Avon International: os termos do acordo
Segundo a Natura, a maior parte dos empréstimos concedidos à Avon International será capitalizada. O saldo remanescente será transferido à compradora sem contraprestação, após condições pós-fechamento. A empresa manteve sob seu controle a marca Avon na América Latina, incluindo propriedade intelectual e infraestrutura de apoio. Com isso, preserva presença em um mercado em que já detém escala e canais consolidados. O fechamento da operação depende de aprovações regulatórias, previstas para o 1º trimestre de 2026.
América Central e a preservação da estratégia
Poucos dias antes, em 15/09, a Natura havia anunciado a venda das operações da Avon na América Central, também por valor simbólico de US$ 1 (R$ 5,30), mas com recebíveis adicionais de US$ 22 milhões (R$ 116 milhões) da Avon Guatemala. O pacote abrange Guatemala, Nicarágua, Panamá, Honduras, El Salvador e República Dominicana, com fechamento esperado até 30/10/2025. Nessa transação, a Natura manteve o fornecimento de produtos e a licença da marca, sinalizando uma estratégia de presença indireta em regiões de menor escala.
Impacto da venda da Avon International no foco regional
Especialistas destacam que vendas por valores simbólicos fazem sentido quando o ativo representa risco elevado e exige capital para reestruturação. Nesse modelo, o comprador assume os passivos, e a vendedora preserva receitas indiretas por royalties e fornecimento. No caso da Natura, a venda da Avon International reduz obrigações futuras e libera recursos de gestão para a América Latina, região onde o grupo já detém capilaridade e relevância comercial. Esse passo reflete uma agenda de eficiência operacional, sem romper laços comerciais estabelecidos.
A companhia, que nos últimos anos ampliou presença global com aquisições, agora adota um processo de simplificação, escolhendo permanecer onde tem maior escala e competitividade. Ao concentrar esforços na América Latina, a Natura indica que pretende alinhar portfólio e capital à sua zona de força, mitigando riscos em mercados periféricos. Segundo fato relevante, a venda da Avon International marca “um passo importante no compromisso de otimizar operações e reforçar o foco regional”.