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Acordo Mercosul-União Europeia: Brasil e Espanha pressionam

O Acordo Mercosul União Europeia, negociado há mais de duas décadas, voltou ao centro do debate. Espanha e Brasil apostam na assinatura em dezembro de 2025, mas resistências agrícolas e ambientais mantêm o risco de adiamento.
Bandeiras do Mercosul e da União Europeia lado a lado, simbolizando o Acordo Mercosul União Europeia
Bandeiras do Mercosul e da União Europeia simbolizam a possível assinatura do Acordo Mercosul União Europeia ainda em 2025. (Imagem: Reprodução)

O Acordo Mercosul-União Europeia, um tratado de livre comércio e cooperação política em negociação há mais de duas décadas, voltou ao centro do debate nesta segunda-feira, 22 de setembro de 2025.

A expectativa é de que o tratado seja assinado em dezembro, durante a cúpula do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) em Brasília. Por outro lado, alguns impasses persistem: França, Irlanda e Polônia resistem por temores agrícolas e ambientais, enquanto o pacto avança em meio às tensões da guerra tarifária e do tarifaço imposto pelos Estados Unidos.

Pressão política pela assinatura do acordo Mercosul-União Europeia

A defesa espanhola soma-se à posição do Brasil em relação ao tratado Mercosul-UE (União Europeia). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro Pedro Sánchez já declararam apoio à assinatura ainda em 2025. Entretanto, a Comissão Europeia (CE) propôs a entrada em vigor provisória da parte comercial, permitindo que regras de exportação e importação comecem a ser aplicadas antes da ratificação nacional em cada Estado-membro da União Europeia.

Para Luis Planas, ministro da Agricultura da Espanha, o momento é decisivo. Ele argumenta que as cláusulas de salvaguarda incluídas no acordo são as mais robustas já estabelecidas em um tratado comercial, reduzindo espaço para objeções adicionais.

“É uma grande oportunidade, ressaltarei mais uma vez: 700 milhões de pessoas, os quatro países do Mercosul e os 27 da União Europeia; portanto, não se deve perder um minuto para a ratificação”, declarou Planas à imprensa em Bruxelas.

O que está em jogo com tratado Mercosul-União Europeia?

O pacto criaria uma das maiores zonas de livre comércio do mundo, abrangendo mais de 700 milhões de pessoas entre os dois blocos. Segundo cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil poderia registrar um acréscimo anual de 0,5% no Produto Interno Bruto (PIB), com exportações crescendo 0,9% no primeiro ano e até 3,4% em 2034.

Além do ganho econômico, o tratado tem peso geopolítico. Ele permitiria ao Mercosul reduzir a dependência de mercados sujeitos a políticas protecionistas, como os Estados Unidos, e contrabalançar a influência chinesa no comércio internacional.

Linha do tempo do acordo Mercosul-União Europeia

As negociações entre Mercosul e União Europeia começaram em 1999, com o objetivo de formar uma área de livre comércio abrangente. Ao longo de duas décadas, avanços e retrocessos marcaram o processo, travado em momentos por pressões ambientais e pela defesa dos produtores agrícolas europeus.

  • 1999: Início das negociações formais.
  • 2019: Acordo político inicial.
  • 2020–2023: Travado por pressões ambientais e agrícolas.
  • Dezembro/2024: Texto final fechado.
  • Setembro/2025: Comissão Europeia envia ao Conselho.
  • Dezembro/2025 (previsão): Assinatura na cúpula do Mercosul em Brasília.
  • 2026 em diante: Entrada em vigor provisória da parte comercial, seguida da ratificação plena.

O que Brasil e Mercosul podem ganhar e perder com o acordo UE

País/BlocoGanhos PotenciaisRiscos/Desafios
Brasil– PIB pode crescer 0,5% ao ano (Ipea)
– Exportações: +0,9% no 1º ano, até 3,4% em 2034
– Setores agroindustriais (carne, derivados) em destaque
– Indústrias com acesso mais barato a máquinas e insumos europeus
– Precisa investir em infraestrutura logística
– Exigências de certificações ambientais
– Adequação a padrões técnicos da UE
– Risco de perder espaço para concorrentes asiáticos
Argentina– Expansão das vendas de grãos, carnes e vinhos
– Acesso a mercado europeu mais amplo
– Necessidade de modernizar parque industrial
– Competição com produtos europeus em manufaturas
Uruguai– Chance de diversificar mercados
– Potencial de ampliar exportações de carne bovina e laticínios
Pressões regulatórias da UE em normas sanitárias e ambientais
– Alta dependência do setor agro pode ampliar vulnerabilidades
Paraguai– Ganhos no agronegócio (soja e carne)
– Expansão do acesso a novos compradores europeus
– Exigências de rastreabilidade e sustentabilidade
– Risco de barreiras não tarifárias se não cumprir padrões da UE
Mercosul como bloco– Criação de zona de livre comércio com a UE
– Acesso a um mercado de mais de 700 milhões de pessoas
– Benefícios podem ficar concentrados em poucos setores
– Necessidade de investimentos internos para competitividade

Entre a oportunidade e o veto

O Acordo entre o Mercosul e a União Europeia caminha para assinatura em dezembro, mas seu futuro depende de decisões políticas em capitais-chave. Espanha e Brasil tratam o pacto como prioridade, enquanto França, Irlanda e Polônia pressionam por salvaguardas adicionais.

Para o Mercosul, o tratado representa uma plataforma de expansão global, abrindo acesso ao maior mercado consumidor do mundo. Caso as resistências prevaleçam, o bloco terá de acelerar negociações bilaterais com China e países árabes. Mais do que comércio, está em jogo o papel estratégico da Europa no Cone Sul na próxima década.

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