O crescimento de bares e restaurantes registrou alta de 2,2% em agosto frente a julho, segundo o Índice Abrasel-Stone. O dado marca o segundo mês consecutivo de expansão e sugere que a melhora do mercado de trabalho tem sustentado o consumo. Porém, o comparativo anual mostra estagnação pelo terceiro mês seguido, indicando que a recuperação é parcial e ainda insuficiente para mudar a trajetória de longo prazo do setor.
crescimento de bares e restaurantes e o peso da renda das famílias
Segundo Guilherme Freitas, economista da Stone, a queda no desemprego ajudou a estimular o consumo, mas o avanço encontra barreiras claras. O endividamento elevado das famílias e a inflação da alimentação fora do domicílio seguem restringindo o orçamento disponível. Isso significa que, mesmo com melhora no mercado de trabalho, a capacidade de expansão do setor depende de alívio financeiro às famílias, que continuam priorizando gastos essenciais.
Desempenho regional no crescimento de bares e restaurantes
A análise regional revela que parte do país avança de forma consistente, enquanto outra enfrenta retração. Entre os estados com alta nas vendas em agosto, frente a 2024, estão:
- Maranhão: +10,6%
- Rio Grande do Norte: +4,7%
- Goiás: +4,2%
- Paraná: +2,7%
- São Paulo: +2,6%
- Espírito Santo: +1,8%
- Roraima: +1,6%
- Amazonas: +1,5%
- Ceará: +1,3%
- Mato Grosso do Sul: +0,4%
Já entre os que registraram queda nas vendas, destacam-se:
- Santa Catarina: -7,5%
- Pará: -5,7%
- Rio Grande do Sul: -5,4%
- Rondônia: -5,1%
- Alagoas: -4,3%
Esse contraste mostra que, embora alguns mercados locais estejam reagindo melhor, especialmente no Nordeste e em estados do Centro-Oeste, regiões com forte peso econômico, como o Sul, enfrentam dificuldades mais intensas, sugerindo um quadro heterogêneo de recuperação.
Perspectivas e a volta do horário de verão
Para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, a expectativa é de manter o ritmo positivo nos próximos meses, e ele defende o retorno do horário de verão como estímulo adicional. A mudança nos relógios, segundo ele, poderia reduzir custos de energia e ampliar o período de consumo noturno. No entanto, mesmo que medidas pontuais tragam alívio, a análise indica que o crescimento dos bares e restaurantes dependerá de estabilidade macroeconômica: controle da inflação, expansão do crédito e renda mais sólida para as famílias.
Crescimento de bares e restaurantes e a conjuntura do setor
O desempenho recente sugere um setor em busca de fôlego, mas sem sustentação robusta. Dois meses de alta mostram capacidade de reação, mas a estagnação anual e a queda em estados importantes revelam que a retomada não está consolidada. Para que o crescimento de bares e restaurantes se mantenha, será necessário combinar fatores estruturais de incentivo ao consumo, moderação da inflação e recuperação da confiança dos consumidores. Sem isso, a tendência é de avanços pontuais seguidos de novas pressões, em um ciclo instável que desafia empresários e trabalhadores do setor.