Os hackers da Coreia do Norte e China transformaram a inteligência artificial (IA) em peça central de operações cibernéticas. Enquanto grupos norte-coreanos focam em infiltração e espionagem empresarial, com falsos documentos e currículos para acessar companhias de tecnologia dos EUA, atores chineses ampliam ataques contra setores críticos e manipulação de redes sociais em escala internacional. Relatórios da OpenAI, Anthropic e Google mostram que a IA deixou de ser apenas ferramenta de produtividade e se tornou um vetor de poder digital.
Coreia do Norte: infiltração e espionagem corporativa
A atuação norte-coreana tem se concentrado em falsificação de credenciais e infiltração em empresas americanas, usando IA para abrir brechas estratégicas.
- Genians (Coreia do Sul): detectou que o grupo Kimsuky utilizou o ChatGPT para criar crachás militares falsos em campanhas de phishing.
- Anthropic: relatou que hackers norte-coreanos recorreram ao Claude para montar currículos, conquistar vagas em empresas da Fortune 500 nos EUA e até executar tarefas técnicas depois da contratação.
- Departamento de Segurança Interna dos EUA: classifica o Kimsuky como braço do regime em missões de inteligência global.
China: ataques digitais e manipulação política
No caso chinês, os relatórios mostram uso mais agressivo da IA, combinando ataques técnicos a setores críticos com manipulação de redes sociais em escala global.
- Anthropic: registrou que um ator chinês usou o Claude como “consultor full-stack” durante nove meses em ataques contra telecomunicações do Vietnã e bancos de dados governamentais.
- OpenAI: relatou que grupos chineses recorreram ao ChatGPT para desenvolver códigos de força bruta e buscar informações sobre redes de defesa dos EUA.
- OpenAI (investigação adicional): identificou campanhas de influência com perfis falsos e postagens polarizadoras voltadas a redes sociais americanas, conectando ciberataques à disputa geopolítica.
Veja o vídeo do canal Origens e descubra como a China estruturou um exército secreto de hackers:
Hackers da Coreia do Norte e China desafiam big techs e governos
O Google destacou que hackers tentaram usar o Gemini para falsos processos de seleção e scouting de vagas em TI, embora salvaguardas tenham bloqueado ataques mais sofisticados. Para John Hultquist, chefe de inteligência do Google, a IA já é parte do arsenal de grupos estatais, permitindo desde currículos até credenciais falsas.
Esse cenário pressiona empresas de tecnologia a reforçar barreiras e governos a adotar normas mais rígidas de proteção digital, elevando custos de segurança no mundo todo.
Assista ao vídeo da BBC News sobre o roubo bilionário de criptomoedas atribuído a hackers da Coreia do Norte.
O Google mantém programas permanentes que já distribuíram mais de US$ 30 milhões em recompensas. A iniciativa oferece incentivos financeiros a “hackers éticos” que identificam e relatam falhas em sistemas de IA. Segundo os últimos dados divulgados, somente em 2022 foram pagos mais de US$ 12 milhões.
Conjuntura global da cibersegurança
O avanço dos hackers da Coreia do Norte e China mostra que a IA se consolidou como infraestrutura estratégica de poder digital. Os ataques já não são episódicos, mas parte de políticas de Estado que unem espionagem, guerra de informação e pressão econômica. As consequências se espalham: empresas privadas enfrentam custos crescentes de defesa, governos correm para criar regulações e cidadãos se tornam alvos fáceis de golpes sofisticados. Nesse contexto, a disputa pela liderança em inteligência artificial não é apenas tecnológica, mas também uma corrida por segurança nacional e estabilidade econômica.










