Nesta segunda-feira (22/09), a fabricante de aeronaves Embraer voltou ao centro do mercado ao anunciar acordo com a Latam Airlines para a aquisição de até 74 aeronaves do modelo Embraer E195-E2, incluindo 24 pedidos firmes e 50 opções de compra. O contrato chega a US$ 2,1 bilhões em preços de tabela e marca a primeira grande encomenda no Brasil desde a Azul em 2018.
Segundo a Embraer, as entregas do Embraer E195-E2 começarão no segundo semestre de 2026. A Latam Brasil receberá os primeiros jatos, e outras afiliadas poderão ser incluídas posteriormente. Até agora, a companhia operava exclusivamente modelos da Airbus e da Boeing, além de 20 cargueiros da fabricante norte-americana.
Expansão da frota da Latam
De acordo com a Embraer, a nova frota permitirá à Latam “adicionar até 35 novos destinos aos 160 já existentes” na América do Sul, onde o Brasil representa o maior mercado. Nesse sentido, o contrato marca a entrada inédita da Embraer na frota da Latam.
A Azul fez o último pedido brasileiro para o modelo E2 em 2018, quando anunciou a aquisição de aeronaves E195-E2. Dessa forma, a decisão da Latam sinaliza um movimento estratégico de diversificação, sobretudo diante dos gargalos na cadeia global de entregas da Airbus e da Boeing.
Impacto financeiro do acordo entre Embraer e Latam
Analistas do Itaú BBA (Banco de Investimento do Itaú) avaliaram que o contrato “reforça a competitividade dos produtos da Embraer”. Além disso, Daniel Gasparete e equipe destacaram em relatório que o Embraer E195-E2 pode elevar a carteira de pedidos da fabricante a US$ 31 bilhões no 3º trimestre de 2025, assumindo desconto de 50%.
O Bradesco BBI (Banco Bradesco de Investimento) projetou que o backlog consolidado pode alcançar US$ 36 bilhões, o maior da história da empresa. Por outro lado, o JPMorgan (J.P. Morgan Chase & Co.) manteve recomendação overweight, com preço-alvo de R$ 107, e observou que a Embraer negocia a múltiplos atrativos frente a Airbus e Boeing.
Riscos do cronograma de entregas e desempenho em ações
Para o Santander, o pedido firme representa aumento de 6,4% na carteira de aviação comercial e de 2,8% na consolidada. Incluindo as opções, os percentuais sobem para 19,8% e 8,7% respectivamente. Nesse cenário, “o pedido reduz os riscos do cronograma de entregas de 2026 da Embraer”, afirmou o analista do Santander, Lucas Esteves em relatório.
No pregão desta segunda-feira, as ações da Embraer (BOV:EMBR3 – Bolsa de Valores do Brasil) reagiram imediatamente, com alta de mais de 5% e cotação em torno de R$ 80,80. Portanto, o desempenho confirma a boa recepção da notícia. No acumulado de 2025, os papéis já subiram mais de 50%. Além disso, a valorização reflete também a encomenda recente de 50 jatos E195-E2 pela norte-americana Avelo Airlines.
Números-chave do acordo e do mercado
- 74 aeronaves no total (24 firmes + 50 opções de compra)
- US$ 2,1 bilhões em valor de tabela para os pedidos firmes
- 2º semestre de 2026: início das entregas
- 35 novos destinos podem ser adicionados pela Latam
- 2018: último pedido brasileiro para o modelo E2, feito pela Azul
- US$ 31 bilhões: backlog estimado pelo Itaú BBA
- US$ 36 bilhões: backlog consolidado projetado pelo Bradesco BBI
- R$ 107: preço-alvo das ações segundo o JPMorgan
- 6,4%: aumento na carteira de aviação comercial estimado pelo Santander
- 2,8%: aumento na carteira consolidada com os pedidos firmes
- 19,8% e 8,7%: acréscimos considerando as opções de compra
- 5% de alta nas ações da Embraer no dia do anúncio
- R$ 80,80: cotação aproximada das ações após a divulgação
- +50%: valorização acumulada das ações em 2025
- 50 jatos E195-E2 encomendados também pela Avelo Airlines nos EUA
Perspectivas para a aviação regional
O acordo entre a Embraer e a Latam é mais do que um contrato: representa a retomada da fabricante no mercado brasileiro de aviação comercial e uma aposta estratégica da Latam em ampliar conectividade regional. No entanto, a execução depende de estabilidade na cadeia de suprimentos e do cumprimento do cronograma até 2026. Dessa maneira, para investidores e para a aviação regional, o negócio pode redefinir o papel da Embraer na América do Sul.