A crise cambial na Argentina ganhou um novo capítulo com o anúncio de que os Estados Unidos negociam uma linha de swap de US$ 20 bilhões com o Banco Central argentino. O objetivo é reforçar as reservas e oferecer fôlego ao governo de Javier Milei diante da disparada do dólar e da pressão eleitoral. O secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, confirmou nesta quarta-feira (24/09) que Washington também avalia comprar títulos argentinos emitidos em moeda americana, ampliando o leque de apoio financeiro.
Reservas em queda intensificam a crise cambial na Argentina
Na semana passada, o Banco Central da Argentina vendeu mais de US$ 1 bilhão em apenas três dias para defender o peso, após a cotação romper o teto de 1.474,50 pesos por dólar. As reservas brutas giram em torno de US$ 39 bilhões, mas boa parte é destinada ao pagamento da dívida externa, o que reduz a margem de manobra. O sistema de bandas diárias de câmbio implantado em abril obriga intervenções sempre que a moeda rompe os limites, acelerando o gasto de divisas.
Apoio dos EUA revela dependência política em meio à crise cambial na Argentina
O anúncio ocorreu um dia após Milei se reunir com Donald Trump na Organização das Nações Unidas (ONU). O presidente norte-americano reiterou apoio ao argentino, que tenta consolidar base política antes das eleições legislativas de outubro. Atualmente, a coalizão La Libertad Avanza soma apenas 39 das 257 cadeiras na Câmara, o que dificulta a aprovação de reformas fiscais e trabalhistas defendidas pelo governo. O envio de dólares funcionaria como colchão de liquidez para reduzir a volatilidade do câmbio e suavizar as tensões no curto prazo.
FMI projeta inflação menor, mas a crise cambial na Argentina segue como risco
O Fundo Monetário Internacional (FMI) mantém respaldo ao programa econômico argentino e destaca a queda da inflação de 211,4% em 2023 para 117,8% em 2024. Para 2025, as projeções variam entre 30% e 36%, condicionadas ao avanço das medidas fiscais. No entanto, os números chegaram a ser alvo de críticas da oposição, que questiona a veracidade dos índices oficiais e acusa o governo de manipular dados para transmitir maior confiança. Analistas ressaltam, porém, que o pacote de dólares em negociação com os EUA trará apenas alívio temporário. O futuro dependerá da capacidade de Milei em assegurar disciplina orçamentária e apoio político.
Reformas e eleições definirão o rumo da economia
A crise cambial na Argentina evidencia a fragilidade de um país que, mesmo sob discurso liberal, precisa de respaldo externo para manter a estabilidade financeira. Se o swap de US$ 20 bilhões for confirmado, trará trégua de curto prazo, mas a sustentabilidade da economia seguirá atrelada ao êxito das reformas e à correlação de forças após as eleições legislativas.