Segundo estudo da Branddi (empresa que estuda o comportamento do consumidor, a confiança no ambiente digital e os impactos de golpes e fraudes online), 82% dos consumidores brasileiros já se depararam com alguma tentativa de fraude digital. Os golpes mais frequentes envolvem anúncios falsos (45%) e perfis falsos (28%), além de sites fraudulentos (13%) e contas clonadas (6,3%). O levantamento entrevistou 500 pessoas em todo o país e identificou as redes sociais, especialmente Facebook e Instagram, como os principais vetores dessas ocorrências.
O CEO da Branddi, Diego Daminelli, em entrevista a Forbes afirmou: “Os dados mostram que a confiança do consumidor está sob ataque. Blindar a marca contra usos indevidos e golpes digitais deixou de ser apenas uma opção, é uma questão de sobrevivência no ambiente digital brasileiro”.
Quando a desconfiança trava o e-commerce
A pesquisa da Branddi também revelou que sete em cada dez brasileiros já desistiram de finalizar uma compra online por medo de cair em golpes. Essa aversão reflete a dificuldade de consolidar o comércio eletrônico no país.
De acordo com o Mapa da Fraude 2025, elaborado pela ClearSale, somente em 2024 foram registradas 2,8 milhões de tentativas de fraude no e-commerce brasileiro, envolvendo valores que somaram R$ 3 bilhões em risco. O ticket médio das tentativas chegou a R$ 1.072,33. Dessa forma, os números apontam para um impacto direto nas receitas das empresas e evidenciam o custo invisível da desconfiança.
Fraude digital: O que empresas e usuários podem fazer
O avanço da fraude digital nas redes sociais exige medidas preventivas mais robustas. Nesse sentido, para empresas, a primeira frente é o monitoramento contínuo de anúncios e perfis suspeitos, com mecanismos de notificação e retirada rápida de conteúdos que imitam marcas conhecidas. Além disso, investir em selos de verificação visíveis, adotar camadas de segurança no checkout, como autenticação em duas etapas e manter canais oficiais de contato ajuda a reduzir dúvidas do consumidor.
Do lado dos consumidores, algumas medidas podem reduzir a exposição. Por exemplo, evitar clicar em links de anúncios desconhecidos, digitar diretamente o endereço do site oficial e desconfiar de preços muito abaixo do mercado são passos básicos. Além disso, habilitar a autenticação em duas etapas e não compartilhar códigos de verificação são práticas que reduzem golpes de engenharia social.
Crescimento das fraudes digitais
O índice de 82% de consumidores expostos em 2025 confirma a expansão das tentativas. Por comparação, pesquisa da Koin mostra que 59,7% dos brasileiros já sofreram alguma tentativa de fraude digital em 2024, reforçando a escalada identificada pela Branddi.
Esse aumento é atribuído à digitalização acelerada do consumo, ao baixo custo de entrada para criminosos que replicam campanhas falsas e ao uso crescente de inteligência artificial em golpes. No cenário internacional, a Kaspersky registrou 1,29 bilhão de tentativas de phishing bloqueadas na América Latina entre julho de 2024 e julho de 2025, com o Brasil liderando em volume.
Fraude digital em números
- 82% dos consumidores já sofreram tentativa de fraude digital (Branddi).
- 45% relataram anúncios falsos; 28% perfis falsos; 13% sites fraudulentos; 6,3% contas clonadas.
- 7 em cada 10 desistiram de compras online por medo de golpe (Branddi).
- 2,8 milhões de tentativas de fraude em 2024, com R$ 3 bilhões em risco e ticket médio de R$ 1.072,33 (ClearSale).
- 59,7% dos brasileiros já sofreram alguma tentativa em 2024 (Koin).
- 1,29 bilhão de tentativas de phishing bloqueadas na América Latina entre jul/2024 e jul/2025, com o Brasil na liderança (Kaspersky).
- Tentativas de golpe em bancos subiram de 33% para 38% entre set/2024 e mar/2025 (Febraban).
Caminhos e riscos para o futuro
A Febraban aponta que a taxa de tentativas de golpe em transações bancárias subiu de 33% em setembro de 2024 para 38% em março de 2025. Portanto, esse avanço indica que o problema se espalha por diferentes canais digitais.
Especialistas afirmam que a tendência é de golpes cada vez mais sofisticados, incluindo clonagem de voz e imagem. Em contrapartida, cresce a pressão regulatória sobre plataformas digitais para acelerar a remoção de anúncios enganosos e aumentar a transparência de políticas de publicação.
Nesse contexto, a fraude digital nas redes sociais não representa apenas um crime recorrente, mas um obstáculo para a consolidação do ambiente digital no Brasil. O desafio para os próximos anos será conciliar crescimento do comércio eletrônico com segurança efetiva, de forma a recuperar a confiança do consumidor.