Gol e Azul chegaram a discutir uma fusão que mudaria o mapa da aviação brasileira, mas na quinta-feira (25) anunciaram o fim das tratativas. A decisão afastou o risco de concentração de mercado e manteve a concorrência setor aéreo em três grandes polos. O desfecho, longe de ser apenas técnico, abre um novo capítulo para consumidores, reguladores e investidores atentos ao futuro do setor.
Concorrência setor aéreo e riscos regulatórios
A união das companhias previa integração de rotas e ganhos de eficiência, mas logo se chocou com as barreiras de órgãos como a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Ao O Globo, o ex-presidente do Cade, Gesner Oliveira, afirmou que a fusão colocaria em risco a livre concorrência setor aéreo, já que juntas as empresas passariam a dominar mais de 60% dos voos domésticos. Esse alerta não ficou restrito ao campo jurídico: tarifas e oferta de assentos também estavam em jogo.
Assista abaixo à reportagem sobre o anúncio do fim das negociações entre Gol e Azul:
Azul, Chapter 11 e malha exclusiva
Nesse cenário de disputa, a Azul precisou mostrar força própria. Em recuperação judicial nos Estados Unidos desde julho, dentro do mecanismo do Chapter 11, a companhia reforça sua aposta em rotas exclusivas, que já representam 80% de sua malha. Além disso, encomendou 13 aeronaves Embraer E195-E2, ampliando uma frota que passa de 70 jatos do mesmo modelo. Essa estratégia busca preservar espaço vital dentro da concorrência setor aéreo e reduzir a pressão sobre tarifas.
Balanços reforçam diferenças
Os números do segundo trimestre de 2025 ajudam a entender as dificuldades de alinhar as duas empresas em uma só estrutura. A Gol fechou o período com prejuízo de R$ 1,532 bilhão, ainda alto, mas 60,8% menor que o registrado em 2024. Já a Azul apresentou lucro líquido de R$ 1,29 bilhão, revertendo prejuízo de R$ 3,5 bilhões no 2T24. Esses resultados opostos mostram como a concorrência setor aéreo se reflete também nos balanços: uma luta para reduzir perdas, a outra exibindo recuperação acelerada.
Perspectivas futuras com a concorrência setor aéreo
Para analistas mercado, esse distanciamento abre caminho para que a Latam se fortaleça. Com uma malha sólida de hubs e sem a ameaça de enfrentar uma Gol e Azul unificadas, a empresa ganha fôlego competitivo. Em 2023, Gol e Azul juntas somaram receita operacional de R$ 45,5 bilhões, mas seguirão como rivais. A concorrência setor aéreo, agora confirmada em três frentes, tende a beneficiar passageiros, manter tarifas mais equilibradas e forçar inovação. Entre dívidas, balanços positivos e disputas de mercado, a aviação brasileira entra em uma nova etapa em que a competição será determinante para o futuro.