A Polícia Federal abriu nesta segunda-feira (30/09) um inquérito sigiloso para investigar suspeitas relacionadas à gestão do Banco Master e à tentativa de aquisição da instituição pelo Banco de Brasília (BRB). A apuração foi revelada pela Folha de S. Paulo e confirmada por O Globo, com base em documentos que o Banco Central (BC) enviou ao Ministério Público Federal (MPF). O Banco Master investigado pela PF é mais um alerta para o mercado financeiro.
Banco Master investigado pela PF após veto do BC
O BC analisou a operação durante cinco meses e, ao longo do processo, solicitou diversas informações adicionais. No início de setembro, decidiu rejeitar o negócio. Segundo documentos encaminhados ao MPF, parte da carteira de crédito consignado cedida ao BRB pode ter sido registrada por valores acima do real. Além disso, o O Globo relatou que o BC identificou irregularidades na venda de carteiras de crédito antes do anúncio público da transação, feito em 28 de março.
O inquérito segue em sigilo e, até o momento, não houve depoimentos colhidos.
Pressão do FGC no Banco Master
O BRB planejava assumir 49% do capital do Master, incorporando R$ 23 bilhões em ativos, enquanto o banco privado manteria aproximadamente R$ 48 bilhões. Para sustentar a liquidez, o Master recebeu uma linha emergencial de R$ 4 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). No entanto, o prazo dessa assistência expira nesta semana e o fundo já sinalizou que não pretende renovar o apoio. Por isso, a tensão aumentou sobre a instituição.
Especialistas lembram que, em situações semelhantes, bancos públicos como o Banco da Amazônia (BASA) ficaram expostos a títulos sem garantias sólidas.
Linha do tempo — Caso Banco Master
- Março/2025 – BRB anuncia acordo para adquirir ativos do Master; mercado questiona a operação.
- Abril/2025 – MPF abre notícia de fato; paralelamente, apurações sobre crédito consignado começam.
- 03/09/2025 – BC veta a aquisição após cinco meses de análise, citando risco de sucessão e sobrepreço de ativos.
- 30/09/2025 – Banco Master investigado pela PF em inquérito sigiloso; Folha de S. Paulo publica a informação, confirmada por O Globo.
- Outubro/2025 – Termina o prazo do empréstimo emergencial do FGC, com resistência à renovação.
Política, modelo de negócios e investigações paralelas
Conforme O Globo, o banco cresceu com uma estratégia agressiva de captação: emissão de CDBs a taxas acima da média de mercado, garantidos pelo FGC. Segundo analistas, o problema surge dos ativos de contrapartida, compostos por precatórios e participações em empresas em dificuldades financeiras, considerados pouco líquidos. Mesmo após ajustes, o BC avaliou que persistia risco de corresponsabilidade para o BRB.
O MPF e o INSS também apuram denúncias de fraudes em consignado, como descontos indevidos de benefícios previdenciários.
O BC justificou o veto pelo risco de sucessão, conceito que implica a transferência de passivos ocultos ao adquirente. Caso a operação fosse aprovada, o BRB poderia ser cobrado por dívidas e compromissos não honrados pelo Master. A decisão acendeu um alerta sobre a exposição de bancos públicos a operações de maior risco.
A investigação está em fase preliminar e sob sigilo. Até agora, não há conclusão sobre ilícitos. O futuro do Banco Master agora investigado pela PF dependerá tanto do desfecho do inquérito quanto das decisões sobre o apoio emergencial do FGC.
Intervenção do Banco Master
O Economic News Brasil consultou especialistas do mercado financeiro, que afirmaram: em casos menos graves, o Banco Central (BC) já decretou intervenção em outras instituições e a mesma medida poderia ser adotada para esclarecer a real situação do Banco Master.
“Banco para operar precisa e credibilidade”, destacou a fonte.
Manifestações do Banco Master e BRB
Em nota, o Banco Master afirmou que “não tem conhecimento dos fatos e foi surpreendido pelo tema”. O BRB também declarou desconhecer a investigação: “A instituição ressalta sua ampla colaboração com todos os órgãos sempre que solicitado”. O BC informou que não comentaria