O café, um dos símbolos mais sólidos da identidade brasileira, passou a refletir a fragilidade da economia. A alta de 59,45% em 12 meses até agosto, medida pelo IPCA, não apenas encareceu a bebida, mas alterou comportamentos de consumo. Essa mudança no consumo de café mostra que até hábitos culturais estão sendo moldados pelo preço.
Um levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) em parceria com o Instituto Axxus aponta que 39% dos brasileiros já priorizam marcas baratas, contra 16% no ano anterior. A mudança no consumo de café, portanto, revela como a fidelidade às marcas premium perdeu espaço diante do aperto no orçamento. A escolha deixou de ser status e passou a ser sobrevivência no caixa doméstico.
Mudança no consumo de café e novos sinais
Os padrões de ingestão também se transformaram. O grupo que consumia mais de seis xícaras por dia, 29% em 2019, caiu para 26% em 2025. Já quem bebe entre duas e seis xícaras cresceu de 8% para 14% no mesmo período. Essa mudança no consumo de café reforça que o ajuste não está apenas na marca escolhida, mas também na quantidade ingerida.
No varejo, a transformação é visível. Atacarejos aumentaram participação de 24,6% em 2023 para 28,2% em 2025, enquanto cafeterias e pequenos varejistas perderam espaço. A frequência de consumo em estabelecimentos caiu de 51% para 39%. Esse recuo confirma que a mudança no consumo de café também ocorre no local de compra, com preparo em casa substituindo a experiência fora de casa.
Pressões e respostas da indústria
Para especialistas ouvidos pelo Economic News Brasil, a mudança no consumo de café traz consequências diretas à indústria e ao varejo. “O consumidor não abandonou a bebida, mas está trocando fidelidade por preço. Isso força empresas a repensarem linhas de entrada”, analisa um consultor.
Outro especialista acrescenta: “O crescimento do atacarejo é sintoma de que conveniência e escala se sobrepõem ao fator cultural das cafeterias”.
Futuro do consumo de café no Brasil
A trajetória aponta que a mudança no consumo de café não é passageira. Se a inflação continuar, a adaptação se tornará estrutural: famílias manterão a bebida, mas guiadas por preço e praticidade. O café segue como hábito nacional, embora cada vez mais pragmático. Esse novo cenário exige que a cadeia produtiva responda rápido, sob risco de perder relevância em um mercado redesenhado pelo bolso do consumidor.