O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (06/10) que o mercado de trabalho no Brasil é “o mais exuberante das últimas três décadas”. O presidente fez a declaração durante palestra no Instituto Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, e reforçou a percepção de pleno emprego.
Segundo ele, “a série histórica dá a entender que talvez estejamos em pleno emprego. Temos dados bastante fortes do que vem acontecendo. A massa salarial e o rendimento médio real têm uma alta bastante acentuada nesse sentido”.
Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam o cenário: o país registrou 39,1 milhões de trabalhadores com carteira assinada, o maior número da série histórica. A taxa de desocupação caiu para 5,6%, mínima desde 2012. O total de ocupados chegou a 102,4 milhões, com expansão nos setores público e agrícola. A safra de café no Nordeste e Sudeste impulsionou contratações, especialmente na Bahia. A construção civil registrou destaque. O desalento recuou para 2,7 milhões e a subutilização caiu para 14,1%, indicando retomada consistente do emprego.

Mercado de trabalho no Brasil pressiona inflação e juros
Apesar da força dos dados, Galípolo destacou que o crescimento precisa ser sustentado por ganhos de produtividade. “É muito importante que esse crescimento se dê por aumento de produtividade, para termos uma duração mais longa nesse ciclo”, afirmou. Ele lembrou que 57% dos itens do IPCA estavam acima do dobro da meta em abril, o que levou o Banco Central a manter a taxa básica de juros em 15%.
O mercado de trabalho no Brasil, mais aquecido, ampliou a renda média real para R$ 3.488, uma alta de 3,3% em relação a 2024. A massa salarial atingiu R$ 352,6 bilhões, novo recorde histórico, estimulando o consumo interno e reforçando a confiança das famílias.
Produtividade e futuro do mercado de trabalho no Brasil
O Boletim Focus indica que a inflação não deve retornar à meta antes de 2028, o que reforça a necessidade de prudência na política monetária.
Economistas ouvidos pelo Economic News Brasil afirmam que o mercado de trabalho no Brasil deve continuar aquecido. O foco, porém, precisa se voltar ao aumento da produtividade sustentável. Se o país alcançar esse equilíbrio, poderá sustentar o crescimento com estabilidade de preços. Isso permitirá garantir renda, ampliar o consumo e manter um ciclo de prosperidade mais duradouro.