A inflação do aluguel em setembro voltou a subir, conforme o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar) da Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador passou de 0,28% em agosto para 0,30% em setembro, refletindo o impacto dos juros elevados em 2025 e da maior procura por locação nas grandes cidades. Mesmo com leve recuo no acumulado em 12 meses — de 4,08% para 4,04% —, o setor segue pressionado, especialmente nas capitais com escassez de imóveis disponíveis.
Em setembro, a inflação do aluguel acelerou na maioria das capitais pesquisadas pela FGV, com destaque para o Rio de Janeiro.
Desempenho por capital:
- São Paulo: de 0,06% para 0,37%
- Belo Horizonte: de 0,40% para 0,55%
- Rio de Janeiro: de 0,27% para 1,02% (maior alta entre as capitais)
- Porto Alegre: de 0,95% para -0,40% (única queda no mês)
O economista da FGV, Matheus Dias, avalia que o resultado indica uma tendência de retomada da pressão inflacionária no setor de locação.
Inflação do aluguel e o peso dos juros no mercado de locação
Segundo Dias, a inflação do aluguel tende a permanecer em alta nos próximos meses devido à combinação de juros elevados e inflação de serviços mais resistente. A taxa básica de juros (Selic) em 15% encarece o crédito imobiliário, reduz o ritmo de compra de imóveis e mantém a demanda por locação em níveis elevados. A situação pressiona os preços, sobretudo nas regiões metropolitanas.
O especialista em finanças Pedro Brandão reforça que o problema dos juros atinge tanto quem aluga quanto quem pensa em comprar.
“O aluguel está caro, mas as pessoas também não conseguem fugir dele, porque os juros estão muito altos para financiar um imóvel. As famílias ficam paradas, sem opção, e isso mantém a demanda por locação em alta”, afirma.
O economista lembra que o mercado de locação já opera sob custos crescentes de manutenção e administração. “Não acho improvável que o Ivar volte a subir até o fim do ano”, afirmou. Para a FGV, o cenário macroeconômico ainda mantém o aluguel como um dos itens de maior impacto sobre o orçamento doméstico.
IGP-M reforça pressão sobre contratos e reajustes de aluguel
Além do Ivar, outro indicador da FGV também mostrou avanço pontual em setembro: o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado como referência para reajustar a maioria dos contratos de aluguel no país. O índice subiu 0,42% no mês, acima dos 0,36% de agosto, o que indica leve aceleração de curto prazo.
Mesmo assim, o acumulado de 2025 ainda mostra queda de 0,94%. Em 12 meses, o avanço é de 2,82%, abaixo dos 4,53% registrados em setembro de 2024. O IGP-M segue mais controlado do que no ano passado. Ainda assim, a alta recente reforça a pressão sobre os contratos de aluguel em um cenário de juros elevados.
A comparação mostra que, embora a inflação contratual esteja mais controlada, a inflação do aluguel efetiva segue em ritmo mais firme, sustentada pela demanda urbana e pelos juros altos.
Capitais mantêm tendência de alta — inflação do aluguel no radar
A inflação do aluguel em 2025 deve continuar no radar das famílias até o fim do ano, com o aumento dos custos de financiamento e manutenção de imóveis. O cenário de juros altos, somado à inflação de serviços, dificulta o alívio dos preços no curto prazo. Para a FGV, as maiores pressões devem vir de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, onde a oferta de imóveis está mais restrita.
Mesmo com o Ivar ainda moderado, os dados reforçam que a locação urbana seguirá acima da média geral de inflação. Se a Selic permanecer elevada, a inflação do aluguel poderá seguir como um dos principais vetores de custo de vida nas capitais brasileiras.