O diálogo realizado nesta quarta-feira (09/10) entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o novo secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, reacendeu expectativas sobre um possível fim do tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump a produtos brasileiros.
A conversa, que Vieira descreveu como “boa e objetiva”, é o primeiro gesto diplomático concreto desde a posse do novo gabinete norte-americano. Assim, pode representar o início de uma caminhada rumo ao fim do tarifaço que já afeta diversos setores nacionais.
Encontro sinaliza tentativa de distensão e possível fim do tarifaço
A ligação entre os dois chanceleres ocorre em um momento de tensões econômicas causadas pelo tarifaço norte-americano. A política polêmica do presidente Donald Trump elevou significativamente as taxas sobre commodities e bens industrializados brasileiros. O impacto mais forte foi sentido nos setores de aço, alumínio, celulose e derivados agrícolas. O resultado é de perdas de competitividade e na suspensão de contratos de exportação em diversos estados.
Segundo interlocutores próximos ao Itamaraty, a iniciativa de Rubio de telefonar ao ministro brasileiro foi interpretada como um sinal de que Washington busca reaproximação com parceiros estratégicos da América do Sul — um movimento que pode abrir caminho para o fim do tarifaço e a retomada de acordos comerciais mais equilibrados.
Diálogo sobre comércio e cooperação
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a conversa abordou temas de cooperação econômica, energia e meio ambiente. Ainda, os representantes dos dois países discutiram uma agenda preliminar para um encontro presencial nas próximas semanas. Fontes diplomáticas indicam que o governo brasileiro tentará incluir na pauta a revisão das tarifas impostas desde 2020. O argumento é que as tarifas distorcem o comércio e prejudicam setores exportadores estratégicos.
Para a diplomacia brasileira, esse diálogo é uma oportunidade de reabrir canais de negociação com os Estados Unidos. Isso porque a conversa busca uma solução gradual que conduza ao fim do tarifaço e à normalização do comércio bilateral.
Impactos econômicos do tarifaço e necessidade de revisão
O tarifaço norte-americano, reeditado no início do ano sob justificativa de proteção à indústria doméstica, atinge exportações brasileiras avaliadas em mais de US$ 12 bilhões anuais. Entre os produtos afetados estão o aço laminado, etanol, alumínio primário, carne bovina e soja processada.
Analistas estimam que, apenas no setor siderúrgico, o Brasil perdeu 15% de participação no mercado dos EUA desde o endurecimento das tarifas. Portanto, a busca pelo fim do tarifaço é essencial para reequilibrar o comércio e recuperar margens de competitividade em setores exportadores.
Perspectivas de retomada e caminho para o fim do tarifaço
Setores empresariais brasileiros veem a disposição para o diálogo com cautela, mas também com otimismo. Entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) defendem que o Brasil adote uma postura firme, buscando reciprocidade tarifária e um acordo que viabilize o fim do tarifaço e a retomada de investimentos bilaterais.
Caso o encontro entre Vieira e Rubio evolua para negociações concretas, diplomatas acreditam que poderá marcar o início de uma recomposição gradual da confiança comercial entre os dois países. Para o Itamaraty, o gesto de aproximação vai além da diplomacia. Afinal, a conversa simboliza o primeiro passo para o fim do tarifaço e a reabertura econômica entre Brasil e Estados Unidos após anos de tensão comercial.