O prejuízo com o Certificado de Operações Estruturadas (COE) registrado por centenas de investidores da XP Investimentos e do BTG Pactual reacendeu o debate sobre transparência e risco nos produtos financeiros estruturados no Brasil. Isso pois as perdas, que chegaram a 93% do valor aplicado, ocorreram em aplicações vinculadas a títulos de dívida da Ambipar e da Braskem, empresas que enfrentam dificuldades financeiras desde setembro. A crise acendeu um alerta sobre a falta de compreensão de muitos investidores em relação aos riscos desses produtos, ainda pouco fiscalizados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O que explica o prejuízo com COE em Ambipar e Braskem
Os investidores afetados pelos COEs de crédito emitidos por bancos e distribuídos por corretoras como XP e BTG enfrentaram um prejuízo com COE após a forte queda dos títulos corporativos que serviam de base às operações. Por esse motivo, quando esses papéis perdem valor, o produto estruturado perde quase toda sua rentabilidade.
Em alguns casos, o chamado “gatilho de encerramento antecipado” foi acionado, encerrando o investimento antes do prazo final. “O emissor calcula o valor de recuperação desses títulos a mercado e paga ao investidor apenas a fração correspondente”, explica Jeff Patzlaff, planejador financeiro. Investidores receberam 6,88% no caso da Ambipar e entre 26,62% e 36,97% nos produtos atrelados à Braskem.
Como funcionam os Certificados de Operações Estruturadas
Os COEs combinam características de renda fixa e variável em uma única aplicação. São criados para oferecer ganhos atrelados a índices, ações ou dívidas empresariais, mas sem garantia de retorno — o que explica o potencial prejuízo com COE em cenários adversos.
De forma simplificada, eles operam assim:
- Composição híbrida: unem ativos de renda fixa e variável para buscar rentabilidade superior.
- Montagem bancária: o banco define o ativo de referência e estrutura derivativos (calls e puts) para equilibrar risco e retorno.
- Tipos principais:
- COE de capital protegido: devolve ao menos o valor investido.
- COE de capital em risco: pode gerar lucro maior, mas também prejuízo com COE caso o emissor enfrente dificuldades.
- Riscos associados: não têm cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), possuem baixa liquidez e complexidade elevada.
Segundo Otávio Araújo, da ZERO Markets Brasil, “é fundamental entender bem os cenários de rentabilidade e risco antes de aplicar o dinheiro”.
Falhas de transparência e impacto para investidores
Relatos em fóruns e plataformas como Reclame Aqui indicam que o termo “capital protegido” confundiu investidores de perfil conservador. “Esses casos deveriam acender uma discussão na CVM para revisão das regras aplicáveis aos COEs”, afirma Marcus Valverde, advogado especializado em direito do mercado financeiro.
De acordo com o Instituto Empresa (IE), a comunicação sobre riscos e retornos foi falha. O presidente Eduardo Silva destaca que “os COEs foram oferecidos a pessoas com pouco conhecimento sobre o funcionamento e os riscos desses produtos”. Para ele, a experiência com o prejuízo com COE mostra a necessidade urgente de reforçar a educação financeira e a transparência no setor.
O que muda no mercado após o prejuízo com COE
A crise envolvendo XP, BTG, Ambipar e Braskem deve provocar mudanças na regulação do mercado. Portanto, especialistas defendem que a CVM adote normas mais claras sobre classificação de risco, público-alvo e divulgação dos produtos estruturados.
Apesar do episódio, o interesse por COEs continua em expansão. Segundo dados da B3, o volume negociado chegou a R$ 90 bilhões em 2024, alta de 16% ante o ano anterior. No entanto, analistas alertam que a confiança do investidor dependerá da capacidade das instituições de restaurar a credibilidade perdida com o recente prejuízo com COE.