A monetização de dados nas empresas passou a integrar modelos de negócio em setores como tecnologia, varejo, finanças e telecomunicações. Esse avanço transforma informações pessoais em fonte de lucro, impulsionado por inteligência artificial e análise de comportamento.
Segundo estudo publicado pela TOTVS, em parceria com H2R Pesquisas Avançadas, 98% das companhias brasileiras coletam dados de clientes, mas apenas 73% informam claramente a finalidade dessa coleta. Esse cenário acende alertas sobre riscos regulatórios e de imagem, sobretudo após a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) iniciar a aplicação de multas em 2023. Além disso, cresce a cobrança por políticas de privacidade e governança de dados.
Monetização de dados como novo ativo corporativo
O tratamento de informações tornou-se um ativo de alto valor na economia digital. As empresas usam dados para melhorar produtos, personalizar ofertas e aumentar a fidelidade de clientes. Por isso, a monetização de dados nas empresas é vista como um pilar de competitividade.
As práticas mais comuns incluem:
- Personalização de serviços com base no histórico de consumo;
- Campanhas segmentadas em plataformas digitais;
- Parcerias comerciais com dados agregados e anonimizados;
- Modelos preditivos voltados a crédito, logística e atendimento.
Contudo, esse modelo exige controles rígidos. Sem transparência e segurança, a monetização de dados pode resultar em uso abusivo de informações pessoais e violação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Como as empresas coletam e utilizam dados
A coleta de informações ocorre de forma ampla e, muitas vezes, automática. Empresas obtêm dados diretamente dos usuários, por meio de cadastros, formulários, programas de fidelidade e cookies instalados em sites e aplicativos. Além disso, dados são captados de maneira indireta, como geolocalização, comportamento de navegação e interações em redes sociais.
Esses dados são utilizados para gerar perfis detalhados de consumo, prever comportamentos e oferecer produtos mais precisos. Por outro lado, quando há compartilhamento com parceiros comerciais, surgem preocupações sobre monetização de dados nas empresas sem o consentimento adequado.
Para garantir conformidade, a LGPD exige que o titular saiba quais dados são coletados, para que finalidade e por quanto tempo permanecerão armazenados. Portanto, a transparência é essencial para manter a confiança do consumidor e evitar sanções da ANPD.
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O papel da LGPD e da fiscalização da ANPD
Desde setembro de 2020, a LGPD (Lei nº 13.709/2018) define as regras para coleta, tratamento e compartilhamento de dados no Brasil. A norma exige que todo uso tenha finalidade específica, consentimento do titular e garantia de segurança. Assim, várias práticas de monetização de dados nas empresas passaram a ser reavaliadas.
A ANPD, responsável pela fiscalização, começou a aplicar sanções em 2023. Entre as infrações mais comuns estão o compartilhamento não autorizado, a ausência de políticas de privacidade e falhas em segurança da informação. As multas podem chegar a 2% do faturamento da empresa, limitadas a R$ 50 milhões por infração, conforme o artigo 52 da LGPD.
O futuro da monetização de dados nas empresas
O avanço da coleta e monetização de dados nas empresas impõe um equilíbrio entre inovação e proteção de direitos. O fortalecimento de programas de compliance digital, a criação de estruturas de governança de dados e a atuação técnica da ANPD devem definir os próximos passos do setor.
Por outro lado, o valor econômico das informações dependerá da confiança dos consumidores. Empresas que mantêm transparência e respeito à privacidade tendem a conquistar vantagem competitiva. Portanto, o desafio é consolidar práticas éticas que aliem rentabilidade, proteção e responsabilidade no uso de dados.