Os parques tecnológicos no Brasil ganharam um novo retrato com o levantamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), divulgado nesta segunda-feira (13/10) durante a 35ª Conferência da Anprotec, em Foz do Iguaçu (PR). O estudo, publicado no livro “Evolução, Impacto e Potencial dos Parques Tecnológicos do Brasil”, foi desenvolvido pelo próprio MCTI em parceria com a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).
O relatório identificou 113 parques tecnológicos no Brasil, dos quais 64 estão em operação, 42 em implantação e sete em fase de planejamento. Esses ambientes reúnem 2,7 mil empresas e organizações, além de atender mais de 4,5 mil empreendimentos, um volume que mais do que dobrou desde 2017. Esse crescimento reforça o papel dos parques tecnológicos brasileiros como base do ecossistema de inovação do país.
Entre 2017 e 2023, as empresas instaladas nesses parques registraram alta de 170% no faturamento total, que passou de R$ 5,63 bilhões para R$ 15,19 bilhões, conforme o MCTI. Nesse mesmo período, o faturamento médio por empresa subiu 30%, o número de patentes dobrou e o total de colaboradores cresceu 10%.
Parques tecnológicos e o papel na inovação
Segundo o MCTI, os parques tecnológicos no Brasil atuam como plataformas de inovação que unem universidades, startups, centros de pesquisa e empresas privadas. Essa integração acelera o empreendedorismo de base tecnológica e amplia a transferência de conhecimento científico para o setor produtivo, fortalecendo a competitividade nacional.
Ainda conforme o ministério, a maior parte dos parques tecnológicos do brasil surgiram em universidades, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, que concentram 74 das 113 iniciativas. Essa distribuição regional mostra como os parques tecnológicos se consolidam como instrumentos de desenvolvimento econômico e social, gerando empregos qualificados e estimulando cadeias produtivas em áreas como biotecnologia, energia, software e sustentabilidade.
Desafios e maturidade do ecossistema
Apesar dos avanços, o estudo aponta desafios que ainda limitam o crescimento dos parques tecnológicos brasileiros. Sete em cada dez gestores relataram escassez de recursos financeiros, enquanto 47% observaram baixo engajamento empresarial. Apenas 2,3% afirmaram não enfrentar dificuldades. Para o MCTI, a dependência de verbas públicas e a ausência de investimentos privados regulares dificultam a expansão e a maturidade do setor.
O livro destaca também que os parques tecnológicos no Brasil têm idade média de 12 anos. O ministério explica que um parque alcança seu ponto de virada nesse período e atinge plena maturidade após cerca de 20 anos de operação. Essa fase, segundo o estudo, é crucial para assegurar sustentabilidade financeira e retorno econômico às comunidades onde estão instalados.
Caminhos para o futuro da inovação
O levantamento do MCTI e da Anprotec servirá de base para novas políticas públicas voltadas à inovação. A pasta pretende usar os dados para orientar programas de incentivo e promover maior equilíbrio regional no acesso a recursos. O objetivo é estimular a criação de novos parques tecnológicos no Brasil, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste.
A consolidação dos parques tecnológicos brasileiros depende agora de gestão eficiente, diversificação das fontes de financiamento e cooperação entre governo, universidades e setor privado. Esses fatores podem determinar o papel do país no mapa global da inovação, transformando os parques em vetores permanentes de desenvolvimento científico, tecnológico e econômico.