A indústria aeronáutica chinesa avança, mas ainda distante da autossuficiência. Desde o Y-10, inspirado no Boeing 707, até o novo C919, o país tenta consolidar uma produção capaz de competir com Airbus e Boeing. O desafio está em transformar engenharia reversa em inovação genuína, mantendo segurança, eficiência e certificação internacional.
Nos anos 1970, o jato Y-10 marcou a ambição da China em entrar na aviação comercial. O modelo, quase idêntico ao Boeing 707, apresentou falhas estruturais e motores pouco confiáveis, sendo cancelado em 1983. A Revolução Cultural reduziu engenheiros e interrompeu a formação técnica, limitando o avanço industrial e a criação de ligas com padrão internacional. Segundo o Financial Times, mesmo após décadas de progresso, o setor aeronáutico chinês ainda depende de tecnologia estrangeira para alcançar os padrões globais de desempenho.
Leia Também: O novo terminal de aviação executiva que transforma a logística do agronegócio
Quer entender como a indústria aeronáutica chinesa depende da tecnologia ocidental?
Assista ao vídeo e veja como o país passou de cópias do Boeing ao projeto do CR929:
Indústria aeronáutica chinesa e a virada com o C919
A indústria aeronáutica chinesa consolidou sua cooperação com o Ocidente a partir dos anos 1980, abrindo caminho para o desenvolvimento do jato C919. Confira os principais destaques:
- Montagem local de aeronaves McDonnell Douglas na década de 1980.
- Parceria com a Airbus em Tianjin, que fortaleceu a capacidade de produção nacional.
- Lançamento do C919 pela estatal COMAC em 2009.
- Modelo é a principal aposta da China para reduzir dependência externa.
- Ainda utiliza motores e sistemas estrangeiros, como Safran, Honeywell e CFM.
O programa é tratado como prioridade nacional, e mais de mil encomendas já foram registradas, quase todas de companhias aéreas controladas pelo Estado chinês.
O futuro das aeronaves chinesas
O próximo passo da indústria aeronáutica chinesa é o CR929, desenvolvido com a Rússia. A aeronave de fuselagem larga foi projetada para competir com o Boeing 787 e o A330neo. O projeto enfrenta atrasos e incertezas desde a guerra na Ucrânia, o que ameaça a cooperação.
Da cópia à autonomia tecnológica da indústria aeronáutica chinesa
O avanço dos projetos revela um país em transição: de montador a aspirante a projetista global. Embora o C919 simbolize a independência industrial sonhada por Pequim, a ausência de certificações internacionais e a forte presença de tecnologia estrangeira ainda limitam sua expansão.
O futuro da indústria aeronáutica chinesa dependerá menos da engenharia reversa e mais da capacidade de inovar, fator decisivo para transformar ambição em confiança global.