O short squeeze em ações brasileiras voltou ao radar dos analistas do JPMorgan, que alertam para possíveis repiques técnicos em 2025. Segundo o banco, a volatilidade de curto prazo, mesmo em períodos de apenas um dia ou uma semana, pode forçar investidores vendidos a recomprar papéis. Essa ação impulsiona novas altas.
O alerta chega em um momento em que o MSCI Brasil sobe 27% e o Ibovespa acumula alta de 18% até outubro (17/10).
O relatório mostra que o índice de ações vendidas em relação ao capital em circulação (short interest ratio) subiu de 3,5% para 3,8% nos últimos 40 dias, mantendo-se acima de 2,5% por quase um ano. Esse nível sugere que parte relevante do mercado segue alavancada em posições contrárias, o que aumenta o risco de movimentos bruscos de cobertura.
Ações brasileiras com maior exposição técnica para short squeeze
Um short squeeze ocorre quando o preço de uma ação sobe rapidamente e força investidores que apostaram na queda a recomprar os papéis para limitar prejuízos. Assim, essa corrida para fechar posições amplia ainda mais a pressão de compra, acelerando a alta dos preços em um efeito em cascata. É o que ocorreu com as Casas Bahia em março deste ano.
Entre as companhias com maior exposição, o JPMorgan cita papéis com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado), que podem se beneficiar de repiques técnicos:
- Raízen (RAIZ4)
- Vamos (VAMO3)
- Vivara (VIVA3)
- PetroReconcavo (RECV3)
De acordo com o banco, episódios de short squeeze são menos comuns no Brasil devido à menor liquidez e aos custos de transação mais altos, mas já afetaram o mercado diversas vezes neste ano. Por isso, analistas afirmam que fatores de posicionamento técnico têm superado fundamentos econômicos como gatilho de preço. Isso ocorre principalmente nos setores de consumo discricionário e de bens essenciais, que concentram mais de 8% das posições vendidas.
Nos segmentos de Energia e Telecom, a pressão é menor, com índices próximos de 5%. Já o número de dias necessários para encerrar posições (days to cover) é mais alto em Engie Brasil (EGIE3), Taesa (TAEE11), Auren (AURE3), CSN Mineração (CMIN3) e SLC Agrícola (SLCE3). Isso faz com que sejam papéis mais propensos a repiques rápidos se houver reversão de tendência.
Perspectivas para o fim do ano
O short squeeze em ações brasileiras tende a permanecer no centro das atenções em 2025. Afinal, o JPMorgan avalia que o ciclo de juros em queda e o aumento do fluxo estrangeiro podem tornar as recompras forçadas um dos principais vetores de volatilidade da B3 nos próximos trimestres.