Missão internacional da FIEC em Hong Kong conecta Ceará à inovação e comércio global
A missão internacional da FIEC em Hong Kong está conectando o Ceará à inovação global, reunindo 40 líderes de empresas, governo e universidades. Com foco em Indústria 5.0 e tecnologia, a jornada de imersão promove o diálogo entre academia e setor produtivo. O presidente do Sistema FIEC, Ricardo Cavalcante, destaca a importância de compreender as transformações globais e identificar novas oportunidades de negócios. A programação inclui visitas a agências estratégicas e debates sobre a colaboração entre humanos e robôs, preparando as lideranças cearenses para os desafios da economia digital e da transição verde.
Ricardo Cavalcante, presidente do Sistema FIEC, ao lado do reitor da Universidade de Hong Kong, Hongbin Cai, durante a abertura missão internacional da FIEC. (Foto: Divulgação)
A missão internacional da FIEC (Federação das Indústrias do Estado do Ceará) teve início nesta segunda-feira (20/10) em Hong Kong. O programa marca o começo de uma imersão voltada à inovação, à liderança global e à cooperação econômica. Organizada em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL Ceará), a iniciativa integra o Programa de Educação Executiva Internacional – Hong Kong Leading Beyond. O projeto conecta o empresariado cearense a instituições de referência na Ásia e amplia o diálogo internacional da indústria.
Entre os integrantes da missão internacional da FIEC estão representantes de diferentes frentes do setor produtivo e do poder público cearense. Compõem o grupo o industrial Igor Queiroz Barroso, o secretário-chefe da Casa Civil do Governo do Ceará, Chagas Vieira, o deputado estadual Salmito Filho, o diretor técnico do Sebrae-CE, Alcir Porto, o diretor administrativo da FIEC, Francisco Esteves, o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-CE, Cid Alves, e o presidente do Sinduscon, Patriolino Dias, além de outros empresários e gestores convidados.
Missão internacional da FIEC busca novos mercados
Além de fortalecer a formação de líderes e o intercâmbio tecnológico, a missão internacional da FIEC também pode contribuir para a busca de novos mercados. A iniciativa pode favorecer o redirecionamento das exportações cearenses, que foram afetadas pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Em agosto, o governo norte-americano ampliou para 50% as tarifas de importação sobre diversos produtos brasileiros. A medida, determinada pelo presidente Donald Trump, pressionou cadeias produtivas em vários estados e abriu espaço para que o país avalie novos parceiros comerciais, especialmente no mercado asiático.
No caso do Ceará, os setores mais sensíveis às tarifas estão ligados à agroindústria e ao extrativismo vegetal, atividades que sustentam milhares de empregos.
Principais segmentos afetados no Ceará:
Setor pesqueiro: 6 mil embarcações ativas e cerca de 70 mil pessoas envolvidas direta e indiretamente.
Castanha de caju: mais de 50 mil trabalhadores na base da cadeia produtiva; 20 contêineres deixaram de ser embarcados após a alta das tarifas.
Cera de carnaúba: aproximadamente 170 mil pessoas empregadas nos três estados produtores (CE, PI e MA).
Água de coco: geração direta de 10 mil empregos.
Acerola: mais de 5 mil pequenos e médios produtores atuam no mercado exportador, com forte dependência dos EUA.
Esses setores vêm enfrentando dificuldades logísticas e financeiras desde a adoção da nova política tarifária. Nesse cenário, a missão internacional da FIEC pode vir a facilitar futuras negociações com países asiáticos, que despontam como novos polos consumidores de alimentos e produtos de base natural.
Comércio entre Brasil e Hong Kong
O comércio bilateral entre Brasil e Hong Kong movimentou cerca de US$ 3,4 bilhões em 2024, segundo o Trade and Industry Department do governo local. Desse montante, US$ 1,55 bilhão correspondeu às exportações brasileiras, com destaque para carnes, produtos de origem animal, ferro e equipamentos eletrônicos.
Para o Ceará, que exportou US$ 1,47 bilhão no mesmo ano, os produtos com maior potencial de expansão na Ásia incluem ferro e aço, ceras vegetais, frutas tropicais e pescado. Embora ainda não existam negociações diretas entre o estado e Hong Kong, o intercâmbio aponta perspectivas de diversificação comercial e reforço das cadeias produtivas locais.
Na abertura da missão, o industrial Ricardo Cavalcante, presidente do Sistema FIEC, ressaltou o propósito da missão: “Estar aqui em Hong Kong é uma oportunidade única de compreender as transformações globais e identificar novas possibilidades de negócios e parcerias para o estado.”
A cidade, reconhecida como um dos principais centros financeiros da Ásia, mantém políticas voltadas à inovação e à sustentabilidade.
Os participantes da missão internacional da FIEC também visitaram a InvestHK e o Office for Attracting Strategic Enterprises (OASES). As duas agências do governo de Hong Kong são dedicadas à atração de empresas internacionais e à promoção de novos investimentos.
Confira vídeo institucional da InvestHK:
Perspectivas da missão internacional da FIEC
Nos próximos dias, a missão internacional da FIEC seguirá com encontros acadêmicos e empresariais na Universidade de Hong Kong (HKU) e em instituições voltadas à inovação e aos negócios internacionais. O objetivo é identificar boas práticas que possam contribuir com projetos de desenvolvimento industrial e reforçar a presença do Ceará em agendas globais de competitividade.
Confira o vídeo de boas vindas da HKU:
A experiência pode ainda facilitar futuras aproximações comerciais com mercados da Ásia, ampliando as opções de exportação para produtos que vêm enfrentando barreiras tarifárias nos Estados Unidos.