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Café arábica atinge US$ 4,10 com estoques brasileiros no menor nível em cinco anos

O preço do café arábica avançou 3,2% nesta sexta (17/10), atingindo US$ 4,10/lb, impulsionado pela forte redução dos estoques brasileiros e pela ameaça de novas tarifas dos Estados Unidos sobre o café colombiano. O cenário pressiona torrefadores e amplia a diferença histórica em relação ao robusta.
Café arábica atinge US$ 4,10 com queda nos estoques brasileiros
O preço do café arábica subiu com a redução dos estoques brasileiros, atingindo o maior valor desde 2020. (Imagem: Freepik)

O café arábica alcançou US$ 4,10 por libra-peso na última sexta-feira (17/10). O valor é o mais alto desde 2020. A alta ocorreu após forte redução dos estoques brasileiros monitorados pela Intercontinental Exchange (ICE). Segundo a bolsa, 7 mil sacas foram retiradas dos armazéns, o que levou o volume ao menor nível em cinco anos. Por esse motivo, a cotação do café subiu 3,2% no dia. O avanço reflete o temor de escassez global e os efeitos das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos.

Alta nas tarifas do café arábica afeta o comércio global

A escalada de preços ocorre em meio à nova política comercial norte-americana. O presidente Donald Trump determinou uma tarifa de 50% sobre o café brasileiro. Além disso, ele ameaçou aplicar restrições à Colômbia, segundo maior fornecedor do produto para o mercado americano. A medida aumentou os custos de importação e reduziu o número de novos contratos. “Os traders estão evitando negócios com o Brasil após as tarifas impostas”, afirmou Gnanasekar Thiagarajan, diretor da Commtrendz Research.

O governo brasileiro tenta reverter as barreiras. O chanceler Mauro Vieira discutiu o tema com o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio em reunião na semana passada. Mesmo com as conversas, analistas avaliam que as tensões devem se prolongar. Por essa razão, o patamar elevado da cotação do café arábica tende a permanecer até o fim do ano.

Colômbia e Vietnã mudam o equilíbrio do mercado

Com o comércio do café arábica restrito, parte do café brasileiro segue para a Colômbia. A estratégia tenta compensar a redução das exportações diretas aos Estados Unidos. Esse movimento, porém, ainda não contém o aumento dos preços. “Tarifas adicionais seriam como um prego no caixão para as torrefadoras”, alertou Tomas Araujo, operador da StoneX.

Enquanto isso, o mercado de robusta mantém estabilidade. O desempenho se apoia na expectativa de uma safra recorde no Vietnã, conforme relatório da List + Beisler. A diferença entre o arábica e o robusta chegou ao maior nível desde 2008. Esse cenário reforça a preferência dos importadores pelo grão brasileiro, reconhecido pela alta qualidade.

Riscos e novas dinâmicas da cotação do café

O desequilíbrio entre oferta e demanda deve continuar. Por esse motivo, analistas projetam que o café arábica ficará acima de US$ 3,50/lb até o fim de 2025. A escassez de estoques e as incertezas comerciais sustentam esse cenário. Caso as tarifas à Colômbia avancem, os Estados Unidos poderão enfrentar novas altas no varejo. Isso pressiona as margens das torrefadoras, que evitam repassar custos aos consumidores.

A crise atual da cotação do café redefine o fluxo global de exportações e pode abrir espaço para produtores asiáticos. Apesar do Brasil ser uma potência na exportação, com 3,750 milhões de sacas de 60 kg de todos os tipos de café exportadas em setembro, segundo Relatório mensal de exportações do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o Vietnã também tende a consolidar-se como o segundo polo mundial de fornecimento.

A trajetória recente mostra como a cotação do café se tornou um termômetro da política comercial. Ela também revela a vulnerabilidade das cadeias agrícolas internacionais. Em decorrência de tudo isso, fica o grande lembrete de que até o produto mais cotidiano depende de decisões geopolíticas complexas.

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