O comércio entre China e Argentina disparou em setembro de 2025, quando o país asiático ultrapassou o Brasil e se tornou o principal parceiro comercial da Argentina, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) divulgados em 18 de setembro.
As exportações argentinas para a China cresceram 201,7%, totalizando US$ 1,293 bilhão, enquanto as vendas ao Brasil caíram 11,1%, para US$ 1,170 bilhão. Foi a primeira vez desde novembro de 2022 que Pequim liderou as trocas com Buenos Aires.
Agronegócio impulsiona as exportações argentinas
O avanço nas relações comerciais foi impulsionado pela liberação temporária das “retenciones”, tributos sobre exportações agrícolas. A decisão do governo argentino abriu uma janela de oportunidade para ampliar os embarques de soja e derivados ao mercado chinês, principal destino da pauta agroexportadora do país.
- Exportações para a China: US$ 1,293 bilhão (+201,7%)
- Exportações para o Brasil: US$ 1,170 bilhão (−11,1%)
- Importações da China: US$ 1,816 bilhão (+31,3%)
- Importações do Brasil: US$ 1,722 bilhão (+17,6%)
No total, o comércio entre China e Argentina movimentou US$ 3,1 bilhões, contra US$ 2,89 bilhões nas trocas com o Brasil. Apesar da alta nas exportações, o saldo comercial argentino com a China permaneceu negativo em US$ 523 milhões.
Brasil perde espaço nas trocas industriais
Enquanto o agronegócio argentino ampliou as vendas para a China, o comércio com o Brasil recuou em produtos manufaturados. As exportações de veículos de carga, trigo, centeio e automóveis de passeio registraram queda, reduzindo a presença brasileira na pauta comercial.
Em contrapartida, as importações argentinas de produtos brasileiros subiram 12,5%, puxadas por carros de passeio, tratores e semirreboques. O segmento automotivo continua sendo o pilar das trocas dentro do Mercosul, embora com déficit crescente para Buenos Aires.
Desafios e tendências na relação bilateral entre China e Argentina
O padrão das trocas entre China e Argentina reforça uma assimetria estrutural: o país sul-americano exporta principalmente commodities agrícolas e importa bens industriais e tecnológicos. Especialistas observam que, embora o aumento das exportações traga alívio cambial, ele amplia a dependência de produtos primários e reduz a competitividade industrial.
Com a aproximação das eleições e o cenário de volatilidade cambial, o governo argentino tenta equilibrar estímulos ao agronegócio e sustentabilidade fiscal. O desempenho de setembro sinaliza o peso crescente da demanda chinesa, mas analistas alertam que a liderança pode ser temporária, dependendo da política de retenções e do preço global da soja.