A possibilidade de venda da Warner Bros. gerou burburinho na mídia. Isso depois que o conglomerado confirmou, em comunicado realizado nesta terça-feira (21/10), ter recebido propostas de aquisição de gigantes como Netflix, Paramount e Comcast. A companhia informou que seu conselho iniciou uma revisão estratégica para avaliar “todas as alternativas possíveis”, incluindo a cisão em duas empresas até 2026 ou a venda integral de suas operações globais.
Segundo fontes citadas pela CNBC, a Paramount Skydance, liderada por David Ellison, apresentou ofertas abaixo de US$ 30 por ação, que foram rejeitadas por não atenderem às expectativas do conselho. A Netflix, por sua vez, demonstrou interesse na divisão de estúdios e no catálogo de produções, mas não nas redes de TV, como TNT e CNN. As ações da Warner Bros. subiram 9% em Nova York após o comunicado.
Concorrência no streaming acelera possibilidades de venda da Warner Bros.
A possibilidade de venda da Warner Bros. expõe o novo estágio da consolidação no setor de mídia. A Paramount, que se fundiu à Skydance em agosto, anunciou cortes de US$ 2 bilhões em custos e busca fortalecer o portfólio com franquias da DC e Harry Potter. Já a Comcast, controladora da NBCUniversal, também estuda um movimento estratégico, enquanto analistas também citam a Apple como potencial compradora devido ao seu apetite por conteúdo premium.
Além do mais, o CEO e presidente da Warner Bros. Discovery, David Zaslav, afirmou que o processo busca “destravar todo o valor dos ativos” e reforçou que nenhuma decisão final foi tomada. Já o presidente do conselho da Warner, Samuel Di Piazza, destacou que a cisão entre canais e estúdios “pode criar valor atraente”, mas admitiu que o escopo da análise foi ampliado “no melhor interesse dos acionistas”.
Histórico de fusões e desafios do modelo tradicional
Nos últimos dez anos, a Warner e a HBO passaram por duas vendas e uma fusão complexa com a Discovery. Porém, a estratégia de Zaslav de unir canais lineares e streaming para competir com a Netflix não atingiu o desempenho previsto. Agora, a possibilidade de venda da Warner Bros. ou sua divisão sinaliza uma tentativa de reposicionar o conglomerado frente à migração de audiência e à queda de receitas publicitárias da TV a cabo.
A empresa mantém assessoria financeira de Allen & Co, JPMorgan Chase e Evercore, que conduzem a revisão estratégica. O processo não tem prazo definido, mas analistas avaliam que novas ofertas poderão surgir à medida que o mercado reprecifica os ativos de mídia.
Venda da Warner Bros. geraria um setor em reconfiguração
Se confirmada, a venda da Warner Bros. reduziria o número de grandes estúdios independentes em Hollywood e consolidaria ainda mais o poder das plataformas digitais. Para especialistas, a negociação pode redefinir o equilíbrio de forças entre criadores, distribuidores e serviços de streaming. “As últimas fusões reduziram o valor para os acionistas e resultaram em demissões, mas os ativos ainda têm valor para o comprador certo”, avaliou Ross Benes, analista da Emarketer.
Novas rotas para o entretenimento global
A possível alienação da Warner Bros. reflete uma tendência de reestruturação estrutural do entretenimento. O modelo de negócios baseado em pacotes de TV se esgota rapidamente, enquanto o streaming exige escala global e capital intensivo. Caso a venda avance, Hollywood pode assistir à maior reorganização de seus estúdios desde os anos 1990. Além disso, a definição de quem dominará o conteúdo na próxima década dependerá das decisões que emergirem desse processo.
